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aracruz/vcp/fibria eucalipto
2008-10-27

Ao contrário da clonagem de animais e seres humanos, a clonagem de plantas é um assunto que não provoca grandes polêmicas nos meios científicos e entre a sociedade. Isso porque o processo não envolve a manipulação de código genético.

Além disso, a clonagem vegetal tem apresentado resultados interessantes. Um dos exemplos vem da clonagem de árvores, difundida no Brasil há mais de 30 anos, e que tem como objetivo aumentar a produtividade das florestas plantadas e tentar salvar espécies ameaçadas de extinção.

É o caso da Araucaria angustifolia, o pinheiro do Paraná, que desde a década de 80 vem sendo alvo de estudos por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A espécie, que até o começo do século passado ocupava 52% do território paranaense, hoje possui uma cobertura equivalente a 0,8% da área do Estado. O processo de clonagem é simples. A matéria-prima vem de brotos retirados de árvores em fase de crescimento.

Esse material é colocado em tubos de ensaio com hormônios de crescimento para que crie as primeiras raízes. Em seguida, estas são plantadas em estufas e, mais tarde, inseridas na natureza. Em 14 anos, as primeiras araucárias clonadas atingem a idade adulta e começam a produzir seus frutos.

Os resultados mais expressivos vêm das florestas de eucaliptos e pinus, que são matérias-primas utilizadas em larga escala pelas fábricas de papel e celulose. A clonagem proporciona aumento na produção porque as mudas mantêm as características das plantas doadoras, que são sempre selecionadas entre as árvores de melhor porte e que se adaptam ao ambiente.

Além disso, é possível obter uniformidade da floresta, o que não ocorre na reprodução tradicional com sementes. Nos plantios clonais também é possível aumentar a produção de madeira por hectare.

A fabricante de papel e celulose Klabin, que mantém uma das sedes em Telêmaco Borba, região central do Estado, trabalha com clones há mais de dez anos e desde 2005 produz em grandes volumes no Paraná, onde mantém mais de 30 mil hectares de áreas com eucalipto clonado.

Neste ano iniciou o plantio clonal em escala comercial em Santa Catarina. De acordo com o diretor da Unidade Florestal da empresa, José Totti, o que se busca com os clones é o crescimento florestal, mais fibra por metro cúbico e mais facilidade na extração da celulose. "As três juntas não é possível obter em uma única planta, por isso é preciso fazer a polinização controlada", ressalva.

Segundo Totti, com os eucaliptos clonados em 2005 já foi possível obter ganhos potenciais em fibras, que atingiram 20% a mais por hectare/ano, se comparado a espécies de sementes. "Mas a nossa expectativa é que em seis ou sete anos o aumento seja de 50%", adianta. Em relação ao crescimento dos clones, o diretor também afirma que chega a ser 20% mais rápido.

Nas pesquisas em Santa Catarina, o clone escolhido pela Klabin para a plantação em larga escala tem características favoráveis à produção de celulose e papel e traz a vantagem de ser resistente à ferrugem, doença causada pelo fungo Puccinia psidii, que ataca várias espécies de eucaliptos, um dos principais entraves à formação de florestas na região do Alto Vale do Itajaí, onde se concentram os cultivos. No entanto, a companhia tem desenvolvido um trabalho de pesquisa intenso na região com vistas à clonagem de espécies mais tolerantes às localidades frias.

Pinus e eucalipto: diferentes vantagens
A Klabin também vem trabalhando com a clonagem de espécies de pinus das quais se extraem fibras longas, que são mais resistentes e servem para a produção de caixas de papelão e sacos industriais. O eucalipto, por exemplo, é uma árvore com fibras curtas, menos resistentes e ideais para a fabricação de papéis para impressão, papéis higiênicos e guardanapos. A expectativa da empresa é que em até dois anos os clones sejam disponibilizados comercialmente no Paraná e Santa Catarina.

O diretor da Unidade Florestal da empresa, José Totti, diz que o pinus tem o mesmo potencial de ganho do eucalipto. No entanto, a espécie apresenta mais dificuldades de produção do clone devido ao enraizamento. "O processo de clonagem do pinus está menos avançado, mas os ganhos deverão ser os mesmos do eucalipto", comenta. Todas as florestas de eucalipto plantadas pela Klabin no Paraná e São Paulo são oriundas de indivíduos clones. As matrizes são desenvolvidas nessas unidades e enviadas para viveiros na Bahia, Goiás e Rio Grande do Sul, que possuem melhores condições de clima.

Segundo Totti, está havendo um crescimento de florestas de eucalipto no Paraná e Santa Catarina, mas ele alerta que a cultura exige maiores cuidados do que o pinus. E adianta: se os produtores não investirem nisso, vão perder dinheiro.

Como é a clonagem de plantas
* Um ramo de árvore que servirá de matriz é retirado e desinfetado para eliminar fungos e bactérias.
* O ramo é colocado em um tubo de ensaio com hormônios de crescimento que fazem com que ele se multiplique.
* Cada um dos ramos que se formam é separado e transferido para outros tubos de ensaio, também com hormônios, para induzir o enraizamento da planta.
* Depois de criar raízes, as mudas são transferidas para o plantio.

(Por Rosângela Oliveira, Parana Online, 26/10/2008)


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