O Plano Nacional de Mudanças Climáticas, elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e atualmente em fase de consulta pública, precisa de metas e projetos para a educação, na avaliação da presidente do Instituto Ecoar, Miriam Duailibi. Miriam explica que o instituto está participando ativamente da consulta pública do plano e que sua principal sugestão está na área de educação.
"Sugerimos que o plano inclua uma política massiva de educação ambiental", diz. Segundo ela, embora exista muita informação sobre as mudanças climáticas no Brasil, a questão ainda é apresentada de forma superficial. "A mídia divulga informações e as pessoas sabem que o problema existe, mas não conseguem fazer a conexão de seus hábitos e de seu consumo com o aquecimento global", explica.
Miriam exemplifica esse problema com a questão do transporte. Segundo ela, as pessoas compreendem que a emissão de gases de efeito estufa contribui com a crise climática, mas ainda não têm a compreensão de que um motor de potência maior pode significar também maior emissão. Outro exemplo é sobre o transporte público. "É preciso fazer a conexão de que a exigência de melhor transporte público não é apenas por causa dos congestionamentos, mas também está relacionado ao clima".
O PlanoO Plano Nacional de Mudanças Climáticas foi apresentado pelo MMA no dia 25 de setembro e deve ficar até o próximo dia 31 de outubro aberto para consulta pública. As principais organizações ambientais da sociedade civil fizeram fortes críticas ao plano, que não prevê metas de redução de emissões de gases de efeito estufa ou de queda do desmatamento, e defende pontos polêmicos como a produção de biocombustíveis e construção de hidrelétricas na Amazônia.
Para o Instituto Ecoar, o plano está distante da realidade global e é inviável a médio prazo. "É um plano muito bonito no papel, mas não determina números, metas, prazos e responsabilidades", explica Miriam. A ambientalista argumenta que o plano deveria ter metas concretas e progressivas, e que não basta apenas fazer as leis. "Nós sabemos que o Brasil é exemplar em normas e tem uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo, mas essas normas não saem do papel", explica.
Miriam se mostra pouco otimista em relação ao Plano de Mudanças Climáticas. "Não tenho muita perspectiva a respeito do plano. A impressão que tenho é que ele já está bastante fechado e não vai dar muito espaço para contribuições", diz. Apesar disso, ela participa, pelo Ecoar, das discussões no Observatório do Clima e no Grupo de Trabalho do Clima (GT Clima) do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (Fboms). "Estamos fazendo nossa obrigação de cobrar as metas e sugerir propostas", conclui.
Debate públicoO Ministério do Meio Ambiente (MMA) está organizando debates públicos sobre o plano. Na última terça-feira (21), o plano foi debatido na Universidade de Brasília (UNB). O próximo debate será realizado no Rio de Janeiro, no dia 27 de outubro, na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. O evento contará com a participação do Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a Secretária Nacional de Mudanças Climáticas, Suzana Khan
(Amazonia.org.br,27/10/2008)