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política ambiental dos eua crueldade com animais
2008-10-27

No final, tudo vira ovo. No dia 4 de novembro, será pedido aos eleitores da Califórnia que decidam a Proposta 2, uma medida que será votada pelo direito dos animais de fazenda da Califórnia, que pode lhes conceder a oportunidade de esparramar suas patas e garras, ao invés de ficarem confinados em gaiolas, como muitas galinhas, porcos e vacas estão agora.

Mas como a carne de vitela e de porco não são majoritárias nas indústrias da Califórnia, a batalha pela Proposta 2 é focada quase exclusivamente nos galinheiros do Estado, os quais opositores dizem que será um golpe duro devido aos altos custos de produção se a medida for aprovada.

“Esta é uma iniciativa que tem boas intenções com os animais e algumas consequências negativas desnecessárias para as pessoas”, disse Julie Buckner, porta-voz do Californians for Safe Food (Californianos por Comida Saudável), grupo líder contra a Proposta 2. “Irá acabar com os fazendeiros produtores de ovo da Califórnia e irá aumentar o preço da comida para os consumidores. E esta é uma hora que nossa economia está danificada”.

Apoiadores da proposta, os primeiros desse tipo no país, rejeitam os argumentos e colocam a eleição da medida como um ato de bondade para com os animais cujos corpos e subprodutos geralmente acabam em mesas de jantar.

“Se os animais serão mortos para virar comida”, disse Wayne Pacelle, presidente e executivo-chefe da Sociedade Humanitária dos EUA, “o mínimo que podemos fazer é tratá-los com decência e dá-los um aspecto de vida”.

Gastos da campanha
Ambos os lados concordam que com certeza essa medida tem a campanha para direito dos animais mais cara do que nunca – e é provavelmente a que mais causará danos. A própria Sociedade Humanitária já deu cerca de U$ 4 milhões para a campanha da Proposta 2, o que é quase a metade do que Pacelle acha que seu lado irá gastar antes de 4 de novembro.

O Californians for Safe Food levantou mais de U$ 6,7 milhões até o final de setembro, de acordo com documentos da eleição federal, com pontos de doações de operações agrícolas de todo o país, incluindo companhias de ovo do Colorado, da Geórgia e de Minnesota.

A Califórnia é a quinta maior produtora – e consumidora número um – do país de ovos, e chegou a produzir uma estimativa de U$ 337 milhões em 2007. Em todo o território nacional, o país produz em torno de 77 bilhões de ovos para refeição por ano – o que é 250 ovos por americano – avaliados em aproximadamente U$ 6,7 bilhões.

Considerando os riscos do mercado, não é surpreendente que a Proposta 2 tenha fornecido alguns dos anúncios mais carregados emocionalmente da temporada de eleição. Um dos anúncios de apoiadores mostra imagens de animais sendo abusados em fazendas de produção, enquanto comerciais de opositores advertem que a medida iria levar à importação de ovos não seguros do México.

Oposição
Os opositores têm feito pressão em uma linha de ataque sugerindo que a Proposta 2 – que pede espaço para que os animais possam se mexer, deitar, levantar e estender seus membros – poderia expor aves ao contato com seus próprios dejetos e os de outros animais e a doenças temerosas como salmonella ou gripe aviária. Eles também argumentam que o padrão de gaiolas onde ficam os ovos – pouco mais do que 20 cm² -  na verdade protege a galinha de agredir outras aves e predadores. Pacelle chama tais argumentos de “absurdos e ridículos”.

Ainda, a proposta, que teria realização em 2015, tem levado a uma divisão entre veterinários de “animais domésticos” e veterinários de grandes animais agrícolas. Em setembro, muitos veterinários agrícolas formaram um grupo separado dos seis mil membros da Associação Médica Veterinária da Califórnia, grupo líder de veterinários do Estado, sobre a associação de apoiadores da Proposta 2.

Dr. Nancy D. T. Reimers, veterinária de aves doméstica que foi paga para trabalhar na Californians for Safe Food, foi uma das que se separaram. Ela disse que frequentemente as pessoas não entendem o trabalho que veterinários realizam nas fazendas. “O pessoal envolvido no suprimento de comida sabe o que temos que fazer para manter os animais e a comida saudáveis”, disse Reimers. “E eles são, amplamente e há muito tempo, contrários” à Proposta 2.

Por enquanto, apoiadores questionam por que os opositores da Proposta 2 atraem tanto suporte financeiro de produtores de ovos de fora do Estado, os quais tudo indica que seriam beneficiados caso produtores de ovos da Califórnia falissem. “Você acha que as companhias de ovo iriam morder essa fatia” para ver a medida ser aprovada, disse Pacelle.

Essas companhias, ele disse, temem que haja um “efeito dominó” na legislação de outros Estados ou uma demanda de grandes varejistas como o Wal-Mart caso os consumidores procurem produtos mais humanitários.

Outros Estados
Mitch Head, porta-voz da United Egg Producers (Produtores de Ovos Unidos), um grupo de fazendeiros que representa 95% dos produtores de ovos comerciais do país, disse que alguns apoiadores de outros Estados refletiram que o fato de haver uma explosão de doenças em ovos em qualquer lugar, levará a uma pressão ruim para a indústria como um todo. Head também apontou que a Califórnia é tradicionalmente uma produtora de tendências. “Acho que eles acreditam que se alguns poucos Estados começarem a fazer isso”, segundo ele, “isso também acontecerá em seus Estados”.

Como geralmente acontece com as medidas aprovadas na Califórnia, a luta contra a Proposta 2 tem atraído a atenção de celebridades, incluindo Oprah Winfrey, que recentemente dedicou um episódio de seu programa de televisão ao tema, complementado com maquetes de animais em gaiolas.

Para Buckner, tais confirmações apenas codificam o senso da apresentadora de que a aprovação da medida será impulsionada pelos “elitistas saudáveis de mentes limitadas” que não entendem as consequências do mundo real. “Essa é uma organização que está arrecadando o dinheiro de uma mulher branca de classe média alta que assina cheques de U$ 100,00”, disse ela.

(Por JESSE McKINLEY, The New York Times, 24/10/2008)


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