A crise de crédito mundial afetou os produtores rurais brasileiros no momento em que eles se preparavam para a próxima safra. A afirmação foi feita nesta sexta-feira (24/10), pelo presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.
“Nós sabemos que grande parte dos recursos que financiam a safra brasileira vêm do setor privado. Apenas 30% é de recursos públicos. E o crédito sumiu”, declarou Schreiner. Isso trouxe dificuldades na compra de insumos, alegou o representante da CNA. Segundo ele, faltou dinheiro para a compra de cerca de 20% desses materiais e o plantio já começou.
A alta do dólar também é motivo de preocupação. De acordo com Schreiner, cerca de 75% dos fertilizantes são importados e cotados em moeda americana – o que contribuiu para o aumento dos custos desta safra em 50%, em relação à safra passada.
O aumento dos gastos e a baixa no preço das commodities – matérias primas, como os grãos – têm prejudicado o equilíbrio financeiro dos produtores, o que vai exigir “mecanismos para equalizar essas despesas”, avaliou Schreiner.
“Da forma que está hoje com o custo extremamente alto, absorvido quase que somente pelos produtores, nós podemos ter um desequilíbrio entre receita e despesa muito grande para a próxima safra”, ponderou.
Para ajudar o setor produtivo, a CNA reivindica algumas medidas por parte do governo, como o aporte de mais recursos para a próxima safra, maior flexibilização dos bancos quanto ao risco dos produtores na hora de fazer empréstimos e menos burocracia do sistema financeiro para oferecer financiamento.
“Há uma preocupação muito grande de que os recursos anunciados pela equipe econômica cheguem em tempo hábil aos produtores, por causa da burocracia”, disse Schreiner.
(Por Mariana Jungmann, Agência Brasil, 24/10/2008)