Cada um dos municípios que integram a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) está mobilizado no combate ao mosquito Aedes aegytpi, único inseto transmissor do vírus da dengue. Depois do surto no ano passado, em que se registrou 1.016 casos suspeitos da doença em todo o Estado somente de janeiro a julho, as secretarias municipais de Saúde se preparam para atender de forma correta pacientes que venham a apresentar sintomas de uma possível contaminação. Para tanto, o setor responsável em cada cidade em conjunto com os departamentos de vigilância epidemiológica e demais orgãos públicos elaboram planos de contingência.
De acordo com a coordenadora de Saúde da 13ª CRS, Liane Pauli, a organização do plano é de responsabilidade de cada município. Ele deve simular um possível número de pacientes contaminados, através do qual se estrutura a parte física e a quantidade de profissionais necessários para a prestação do atendimento. As orientações para o aperfeiçoamento desse plano de contingência foram reforçadas durante reunião na terça-feira com representantes de equipes de saúde, que contou com a participação de secretários, agentes de campo e enfermeiras da vigilância epidemiológica.
Liane destaca que cursos de capacitação para enfermeiros e médicos, membros do grupo multidisciplinar da dengue nas 13 cidades da Regional, serão novamente oferecidos. “Em breve haverá capacitação àqueles que ainda não participaram”. Isso porque, de acordo com ela, os profissionais precisam conhecer os procedimentos adequados quando vier à tona a suspeita de contaminação. Ela explica que as ações de prevenção continuam e são intensificadas nesta época do ano. A intenção do plano, no entanto, é evitar o caos pelo qual passou o estado do Rio de Janeiro no ano passado diante do surto de casos de dengue.
O trabalho em cada município se dá em três pontas. Primeiro, os agentes de campo — responsáveis pelo monitoramento das iscas e armadilhas — devem informar os técnicos da Funasa assim que detectarem a presença do mosquito. Aquela área será, então, pulverizada. A pessoa picada pelo inseto, por sua vez, deve procurar a unidade de saúde local, onde receberá atendimento, tratamento e acompanhamento médico até o resultado do diagnóstico. Ainda que estejam organizados, Liane espera que não surjam indícios da doença, mas para isso a comunidade precisa colaborar.
A principal dica para a população é evitar água parada em qualquer reduto residencial e a utilização de areia e água sanitária junto aos pratos dos vasos de flores para impedir o desenvolvimento da larva do mosquito. “É preciso que cada brasileiro cuide da sua casa e da sua rua. Acione os vizinhos. Fale com os membros de sua comunidade. Alerte as autoridades ao detectar acúmulo de lixo ou locais que possam formar criadouros”, disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão durante o lançamento da Campanha Nacional de Combate à Dengue, na segunda-feira.
Em Santa Cruz do Sul, conforme o diretor de programas da Saúde Giovane Rigue, os trabalhos de monitoramento nas cerca de 80 iscas espalhadas pelo município ocorrem semanalmente. Com o plano de contingência, ele prevê cursos de capacitação para os profissionais que foram direcionados à equipe da dengue. Em Venâncio Aires, os mutirões nos bairros e vilas ocorrem desde 2001. Segundo a Secretaria de Saúde, as ações de prevenção são realizadas durante todo o ano.
Às vésperas do feriado de Finados, em 2 de novembro, a equipe intensifica a limpeza do Cemitério Municipal, substituindo a água empoçada dos vasos de flores por areia. Os serviços são feitos em conjunto com a Secretaria de Obras e Viação, que se encarrega da coleta dos entulhos. Além disso, são realizadas palestras em escolas e distribuídos materiais educativos com observações para a prevenção. Uma peça teatral, intitulada O Fim da Picada, também integra o roteiro das atividades.
(Gazeta do Sul, 24/10/2008)