Os planos de desenvolvimento para cidades, regiões ou estados requerem um rigoroso planejamento e precisam ser feitos de acordo com as características sociais e econômicas de cada local. Esse foi um dos temas debatidos durante o 4º Seminário Internacional Sobre Desenvolvimento Regional, que termina hoje na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
Promovido pelo mestrado e doutorado da universidade, o evento reúne pesquisadores do Brasil e da América Latina para falar sobre Gestão Territorial e Desenvolvimento Regional: a agenda política e de pesquisa. Dentre os pontos analisados nas plenárias constaram os aspectos históricos, culturais e regionais, assim como a análise das reais necessidades da população.
Palestrante e coordenador do evento, o professor Marcos Ferreira aponta que as especificidades devem ser avaliadas quando se fala de planos para expansão do setor industrial, comercial ou estrutural. Ele aponta que não existem fórmulas prontas, mas que as ações devem ser estruturadas. “Há instituições que têm projetos formatados aplicados de forma generalizada em todos os locais, o que pode não se adequar às realidades”, avalia.
Prejuízos
Por causa dessa falta de planejamento o coordenador aponta os riscos que o desenvolvimento pode causar para as regiões. Ele salienta que para evitar danos é importante se manter atento aos planos. Na prática, segundo o professor, não bastaria apenas atrair empresas ou investidores, mas também avaliar o que esse projeto traz para o local. Em casos onde essas recomendações não foram consideradas o processo de desenvolvimento acabou sendo prejudicial, ao invés de levar crescimento para as cidades ou regiões.
“Evitar que algum território, município ou região proporcione incentivos para determinado empreendimento que tenha proposta para ele sem vínculo social pode ser negativo”, reforça. Isso evitaria que acontecessem situações como as de locais onde empresas se instalaram e geraram emprego e renda, mas ao mesmo tempo atraíram pessoas interessadas em trabalho, ocasionando problemas sociais.
Essa avaliação requer, segundo Ferreira, a presença do poder público nas políticas. “Embora as empresas ofereçam incentivos e benefícios, não conseguem suprir o papel do Estado.” Isso, no entanto, não significa que seja ofertado apoio incondicional para novos investidores sem levar em conta os interesses populacionais.
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 24/10/2008)