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computadores ecológicos
2008-10-24

Microcomputadores livres de chumbo, econômicos no consumo de energia e cujos componentes são totalmente recicláveis. Estas são algumas das características dos “micros verdes”, computadores ambientalmente sustentáveis e que, em breve, estarão sendo utilizados por professores, alunos e funcionários da Universidade de São Paulo, em uma iniciativa pioneira da instituição. As duas mil máquinas serão fornecidas pela Itautec, empresa vencedora de um processo de licitação ocorrido no último mês de setembro. A assinatura do contrato marca o início do uso de um “Selo Verde” pela USP.

A professora Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho, diretora do Centro de Computação Eletrônica (CCE) da Universidade, conta que a idéia inicial era exigir no edital de licitação que a empresa fornecedora das máquinas fabricasse computadores livres de chumbo, com eficiência energética e cujos componentes fossem recicláveis. “Entretanto, havia um problema: precisaria ter no mercado, no mínimo, três empresas que atendessem a todos os requisitos exigidos. E atualmente, no Brasil, poucas empresas conseguiriam atender a essa demanda, o que poderia inviabilizar o processo licitatório. A sugestão da Consultoria Jurídica da USP foi que esses itens constassem no edital como ‘desejáveis’ e não ‘obrigatórios’”, explica.

E assim foi feito. Das quatro empresas participantes, a Itautec acabou vencendo a concorrência. “Após sair o resultado, decidimos procurá-los para solicitar que os itens ‘desejáveis’ fossem, de fato, entregues. E eles aceitaram”, conta a diretora do CCE, lembrando que esta solicitação seria feita para qualquer outra empresa que tivesse vencido a licitação.

A USP investirá cerca de R$ 2,4 milhões na aquisição desses equipamentos, por meio do processo de compra centralizado pela Coordenadoria de Tecnologia de Informação (CTI).

Selo Verde

De acordo com a professora Tereza Cristina, inicialmente, os Selos Verdes serão colocados nos computadores adquiridos da Itautec, mas a idéia é estender para impressoras e switches (equipamento usados na conexão de computadores em rede).

“Pretendemos enviar grupos às empresas fabricantes para fazer uma inspeção a fim de verificar se elas realmente têm essa preocupação ambiental, fabricando equipamentos livres de chumbo, que tenham eficiência energética e que tenham as certificações ISO 14001 [gestão ambiental] e ISSO 9001 [gestão de qualidade]”, conta.

A professora Tereza lembra que os computadores comuns têm em sua composição materiais como ferro, alumínio, cobre, zinco, estanho, níquel, chumbo, cobalto, prata e até ouro e caso não seja feito o descarte adequado, esses materiais podem contaminar o ambiente e os seres humanos. Esse foi um dos motivos que motivou, em 2007, a criação da Comissão de Sustentabilidade dentro do CCE.

Uma das iniciativas foi a criação do projeto E-waste (lixo eletrônico) cujo objetivo é dar um descarte adequado para materiais de informática. “Existem atualmente na USP cerca de 40 mil computadores, 15 mil impressoras e 8 mil equipamentos de rede, sendo que, anualmente, 10% desse material fica obsoleto”, comenta a professora. O projeto de E-waste contou com o apoio de integrantes do S-Lab (Laboratório de Sustentabilidade) do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA, e tem a participação da Agência USP de Inovação e do USP Recicla.

No último Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), aconteceu a campanha Descarte Legal: O Seu Lixo Eletrônico no Lugar Certo. Neste dia, funcionários do CCE puderam fazer o descarte de materiais eletrônicos, não patrimoniáveis, que não podiam ser mais aproveitados, tais como: coolers, placas de vídeo e de rede, telefones, mouses, caixas de som de computador, cabos, HD´s, teclados, CD´s, etc. “Foram descartadas cinco toneladas de material. E isso apenas no CCE. Esta iniciativa foi uma espécie de projeto-piloto, pois pretendemos estender o projeto de E-waste para toda USP”, conta a professora Tereza. Atualmente, a Comissão de Sustentabilidade está em fase de estudos para definir qual destino final será o mais adequado para as cinco toneladas de descarte.

RoHS

De acordo com o vice-presidente comercial da Itautec, Cláudio Vita Filho, a empresa vem se preocupando com a questão ambiental já há alguns anos. “As pessoas que visitam a nossa fábrica sabem que encaramos a reciclagem de materiais com muita seriedade”, afirma. Nos últimos anos, a empresa investiu cerca de R$ 3 milhões para ter a sua linha de produção livre de chumbo e de metais pesados. Desde o último trimestre de 2007, a empresa passou a fabricar microcomputadores e notebooks sem chumbo, uma das exigências da RoHS (sigla em inglês para Restriction of Certain Hazardous Substances), uma legislação européia que proíbe o uso de algumas substâncias tóxicas na fabricação de equipamentos.

Os micros verdes que serão entregues na USP pela Itautec (desktop + teclado) apresentam características especiais, desde os parafusos, até os cabos e conectores recicláveis. De acordo com os executivos da empresa, eles estão recebendo os materiais dos fornecedores e montando as máquinas. Quando algumas unidades estiverem prontas, elas serão inspecionadas por uma equipe da USP. A cerimônia de entrega deverá acontecer em meados de novembro, em data que ainda será definida.

Mais informações: (11) 3091-6328 com a professora Tereza, ou (11) 3174-7463, na Máquina da Notícia (Assessoria de Imprensa da Itautec)

(Por Valéria Dias, Agência USP, 23/10/2008) 


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