As principias vias que ligam a região Puno com outras localidades do sul do Peru continuam bloqueadas por camponeses e indígenas que realizam uma paralisação desde a última segunda-feira (20) para protestar contra o Estado peruano. Organizações camponesas exigem a derrogatória dos decretos legislativos aprovados pelo governo para implementar o Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos.
Durante o primeiro dia de protesto, pelo menos dez camponeses de Cuzco foram detidos quando realizavam manifestações nas vias de acesso à zona de Maranganí. Grandes mobilizações nas províncias de Canchis e Quipicanchis, em Cuzco, estão sendo realizadas por camponeses de diversas localidades.
Os dirigentes das comunidades originárias Aymaras e Quéchuas afirmam que a medida de força vai continuar até que o governo atenda suas demandas. Além dos decretos para a implementação do TLC com os Estados Unidos, eles protestam contra a concessão para atividades mineiras e petrolíferas. Exigem também a revisão e a anulação das concessões já outorgadas pelo governo.
Centenas de camponeses se reúnem na província fronteiriça de Yunguyo, em Puno, para iniciar em breve uma marcha em direção a Ilave. A marcha é um protesto em demanda por um justo julgamento contra dois dirigentes de Huacullani, que, segundo os camponeses, foram condenados a 20 anos de prisão por defender os direitos de seus povos.
A Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (AIDESEP), a Coordenação Nacional de Comunidades afetadas pela Mineração (Conacami) e a Coordenação Andina de Organizações Indígenas (CAOI) denunciaram que os povos indígenas no Peru são vítimas de graves violações de direitos humanos.
Segundo as organizações, o Estado peruano é um dos que mais comete violações de direito humanos contra povos indígenas. Elas citam como exemplo os conflitos territoriais por causa das indústrias extrativas, como a mineração e a petrolífera. Além disso, elas destacam ainda políticas executadas pelo Estado que enfraquecem os direitos coletivos indígenas e levam à criminalização do protesto social indígena.
(Adital, 23/10/2008)