O confronto entre indígenas e o governo colombiano, que dura mais de uma semana e que resultou em mortes e em vários feridos, está longe de ter um final. Mesmo depois de o governo do país ter sinalizado a possibilidade de homologação das terras indígenas, milhares de índios anunciaram que vão seguir protestando.
"As autoridades indígenas decidiram continuar com o processo de mobilização até alcançar os objetivos propostos. Para isso, vão realizar ações pacíficas", assinalou em comunicado as tribos colombianas. O anúncio foi feito após o governo da Colômbia ter considerado que as mobilizações estão ligadas a "terroristas" das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
No último sábado (18/10), o presidente Uribe pediu para que se realizassem as ações para a compra das terras reivindicadas pelos índios. "Compremos essas terras e acabemos com esse problema. Eu assumo a responsabilidade", disse Uribe durante um ato público próximo a Bogotá.
Mas isso não é o bastante. Além da homologação de suas terras, a população indígena pede diálogo com o governo e denuncia crimes contra os nativos. De acordo com a Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic), nos últimos seis anos 1253 indígenas foram mortos em todo o país e pelo menos 54 mil foram expulsos de seus territórios.
Os indígenas também afirmam que o Estado não os respeita. De acordo com eles, 18 povos estão em risco de desaparecer porque possuem menos de 200 habitantes e dez têm menos de cem. Para a comunidade indígena, "a falsidade, o terror e o engano são atitudes constantes do presidente [Álvaro Uribe] e do governo, razões que impedem que a mínima confiança para poder realizar diálogos e chegar a acordos tenha credibilidade". Diante deste contexto, os nativos resolveram realizar os protestos.
As marchas e ocupações próximas à rodovia Panamericana, no estado de Cauca, sudoeste da Colômbia, tem gerado enfrentamentos entre indígenas e a polícia. Na última semana, os choques deixaram dois mortos e mais de setenta feridos.
(Amazonia.org.br, 23/10/2008)