Um dos fatores que mais contribuíram para o desenvolvimento sustentável na Amazônia foi a consolidação do reflorestamento como técnica adequada para exploração racional, equilibrada e econômica dos recursos florestais. Segundo especialistas, o reflorestamento tem uma taxa de retorno médio de 20% do investimento, dependento da espécie de árvore que for plantada. A área reflorestada no Pará, hoje, é de cerca de 200 mil hectares, sendo que o projeto Jari responde por 80 mil hectares, principalmente com o eucalipto. Já na região de Paragominas, a espécie mais reflorestada é o Paricá, uma árvore nativa da Amazônia, ocupando uma área de 50 mil hecatres. Outros ganhos podem vir do programa do governo do Estado que visa ao plantio de um bilhão de árvores e levará a investimentos da ordem de R$ 5 bilhões.
Conforme avalia o engenheiro florestal da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), Evaristo Terezo, as pesquisas sobre o reflorestamento na Amazônia se iniciaram na década de 50 com técnicos da Organização para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que estabeleram em Santarém a base de pesquisas, em parceria com a Superintedência de Desevolvimento da Amazônia (Sudam). Posteriormente, já na década de 60, por imposição do antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), hoje Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as empresas tiveram que reflorestar, mesmo sem as técnicas agora disponíveis.
Segundo o consultor do Programa de Desenvolvimento do Fornecedor (PDF) da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), Evandro Diniz, atualmente ainda existe uma certa carência no Pará de empresas que atuem no reflorestamento. 'Não vejo a falta de empresas capacitadas em técnicas de reflorestamento como um problema, e sim como uma oportunidade de crescimento. Do total de firmas cadastradas no PDF, apenas três estão preparadas para trabalhar com reflorestamento apropriadamente', alertou.
Evandro explica ainda que o reflorestamento deve ganhar impulso a partir dos 46 bilhões de dólares investimentos no setor mineral. 'Depois de exaurir a mina, será feita a recomposição da flora, ou seja, é um ganho efetivo para o reflorestamento em todo o Estado', explicou.
Já Evaristo acrescenta que o mercado gerado pelo parque siderúrgico e a demanda das indústrias madeireiras que necessitam de matéria-prima homogênea em grande escala, como compensado, laminado, chapas de fibras e a pressão para proteção das matas naturais da Amazônia, aceleram o reflorestamento e se transformam numa grande oportunidade de negócios.
Na visão do vice-presidente do Sindicato do Setor Florestal de Paragominas (Sindiserpa), Aderval Dalmaso, as oportunidades de negócios surgem a partir da produtividade do plantio e da exploração. 'Se a área explorada foi de floresta nativa, então temos um crescimento de 1 metro cúbico por hectare ao ano. Porém, se a exploração foi em área de floresta plantada, trabalhando espécies como o eucalipto, por exemplo, teremos um crescimento anual de 25 a 50 metros cúbicos por hectare. Ou seja, em seis anos conquistaremos para nova exploração uma média de 180 metros cúbicos por hectare de floresta plantada', destaca.
De acordo com Evaristo Terezo, existe, ainda, a obrigação legal de se reflorestar as áreas já desmatadas para atender aos 80% de floresta que cada propriedade tem que manter (Reserva Legal), fator que levou o Governo Federal a estimular os bancos oficiais a oferecerem uma taxa de empréstimo bancário anual de 4% para o reflorestamento e a recuperação dessas áreas. Desta forma, a Amazônia só conseguirá manter grandes extensões de florestas naturais se houver estímulos para o reflorestamento. 'Isto implica numa mudança política para desburocratizar os procedimentos dos órgãos ambientais e os ambientalistas virem no reflorestamento a realização do sonho de todos nós, que é a preservação da nossas matas. Assim, o paraense vai se acostumar com duas matas em sua vida, aquela paisagem que o acompanha desde a infância com uma floresta uniforme ou quase uniforme com árvores que darão mais emprego e garantirão que as gerações futuras continuem vendo a paisagem que seus pais viram na infância. Ou seja, o que os fundadores de Belém deixaram para nós com Jardim Botânico Rodrigues Alves', afirmou.
O assunto será tema de dois seminários que acontecem nos próximos dias. Em Paragominas, na sede do Sindicato Rural da cidade, acontece, na próxima sexta-feira, 24, o evento intitulado 'Reflorestamento: Novas Oportunidades de Negócios na Amazônia'. Já em Belém, no auditório Albano Franco, da Fiepa, está agendado para o próximo dia 30, o seminário 'O Potencial e as Oportunidades com o Reflorestamento no Pará'.
Oito municípios (Paragominas, Ulianópolis, Rondon do Pará, Abel Figueredo, Bom Jesus do Tocantins, Jacundá, Breu Branco e Goianésia), aliás, assinaram, em março deste ano, o Pacto de Reflorestamento, uma iniciativa que teve o aval da Fiepa) e Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa no Estado do Pará (Sindiferpa).
(O Liberal,
Amazonia.org.br, 23/10/2008)