Em junho desse ano, o adoçante puro de stévia foi reconhecido e aprovado pelo JECFA (Joint Expert Committee on Food Additives) como alimento seguro, fato tido como quebra da última e maior fronteira para a sua expansão mundial.
O adoçante é extraído das folhas da Stevia rebaudiana, planta silvestre originária da América do Sul, presente no Brasil e, mais ainda, no Paraguai. Estudos mostram que os guaranis já a utilizavam em suas beberagens e medicamentos.
São eles que hoje, no Paraguai, conduzem as plantações a abastecerem boa parte da Indústria mundial voltada ao setor, que vem sendo estimulada por crescentes preocupações dos consumidores com saúde e qualidade de vida de modo geral. A linha de produtos light e diet já cresce em média 10% ao ano, o que atesta a pujança desse movimento em que o açúcar refinado ganhou a pecha de vilão.
Atenta a esse nicho, o Grupo Forquímica, com sede em Cambira, no norte do Paraná, constituiu em novembro de 2003 a empresa Stevia Natus Produtos Naturais Ltda, resultado de suas pesquisas no segmento e ora sendo implantada com foco nos mercados alimentício, medicinal e de cosméticos, através da industrialização da folha de stévia.
“Para a eficácia do projeto, foi desenvolvida uma espécie de muda cultivada em viveiro, com alto teor de rebaudiosídio”, disse a AmbienteBrasil Edson Rosini, diretor Geral do Grupo. “Este projeto visa também o incentivo à agricultura familiar, por meio do fortalecimento do pequeno produtor para o fornecimento de matéria prima”, antecipou.
Segundo ele, foi iniciada a multiplicação e aclimatação de mudas vindas de áreas do Paraguai e do Mato Grosso, visando o fornecimento de plantas para os produtores associados.
A empresa investiu em processos de seleção que resultaram em maior teor de rebaudiosídio, outro dos edulcorantes presentes nas folhas da stévia, que apresenta a vantagem de não deixar um certo gosto amargo, o que ocorre em relação ao steviosídeo – o mais utilizado até hoje.
Edson Rosini coloca que, entre os desafios do projeto, os principais são a adaptação das plantas ao solo e clima locais, sistema de irrigação e adubação, controle de ervas daninhas, pragas e doenças. Especialmente nesse campo, ele garante que não serão utilizados agrotóxicos, a fim de se conseguir a classificação de produto de origem orgânica.
Entre as principais demandas, estão financiamento e assistência técnica para o cultivo por pequenos produtores, além de disponibilidade dos órgãos governamentais para pesquisa de plantas melhoradas para o nosso clima e região.
Mesmo estando em processo de implantação, a Stevia Natus já despertou interesse de grupos estrangeiros, que objetivam firmar parcerias para fornecimento à União Européia, onde o consumo de produtos dietéticos já se encontra mais acentuado. No mercado nacional, a demanda também está em fase de expansão, proporcionando uma abertura de mercado considerável para produtos de alta qualidade, quebrando o paradigma do uso de adoçantes artificiais.
Para os produtores familiares, pode ser um negócio altamente rentável, sobretudo porque multinacionais como a Coca-Cola e a PepsiCo já anunciaram a disposição em adotar a stévia como adoçante nas versões menos calóricas de seus produtos.
(Por Mônica Pinto /
AmbienteBrasil, 23/10/2008)