A crise financeira internacional deixou definitivamente sua marca sobre as empresas brasileiras do setor de papel e celulose. O aperto no mercado de crédito e as incertezas quanto à demanda por esses produtos, bem como sua tendência de preços, levaram as quatro principais companhias nacionais a cancelarem investimentos programados.
Mesmo sem revelar o tamanho do corte, a Suzano Papel e Celulose completou hoje o grupo de adiamentos ao anunciar que irá investir menos em 2009. Segundo seu presidente, Antonio Maciel Neto, o principal segmento afetado será o de melhorias operacionais, como, por exemplo, a compra de máquinas que possibilitem reduções discretas nos custos de produção. "Vamos reduzir bastante, para manter o caixa", afirmou o executivo.
Antes dele, teve postura semelhante o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher. "Proteja seu caixa", disse o executivo, também no instante em que apresentava os resultados da empresa no período entre julho e setembro. No caso da Klabin, serão cerca de R$ 200 milhões a menos neste ano e gastos "apenas com manutenção" em 2009.
O principal investimento adiado foi a expansão da unidade de Correia Pinto (SC), onde são produzidos sacos industriais. Ali, seriam aplicados R$ 200 milhões no aumento de 130 mil toneladas para 190 mil toneladas anuais. "Vamos agir de forma cuidadosa para proteger nosso caixa. É o que o momento recomenda", completou Poernbacher.
Por sua vez, a Votorantim Celulose e Papel (VCP) decidiu adiar o plano de construção de sua fábrica no Rio Grande do Sul, que estava originalmente prevista para 2011. O projeto de investimento é avaliado em pelo menos US$ 1,5 bilhão.
Já a Aracruz, que além das incertezas futuras levou um tombo de quase R$ 2 bilhões no mercado financeiro, anunciou uma série de medidas para conservação do seu caixa, como, por exemplo, a suspensão temporária do projeto de expansão da unidade Guaíba (RS), que consumiria US$ 2,6 bilhões em investimentos.
(Por Murillo Camarotto,
Valor OnLine, G1, 22/10/2008)