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política ambiental dos eua
2008-10-23

A população mundial espera ansiosa pelo resultado das eleições norte-americanas de 04 de novembro para que a política ambiental de George W. Bush seja enfim reformulada. Nos debates, os candidatos à presidência dos Estados Unidos (EUA) Barack Obama, senador democrata por Ilinois, e John McCain, senador republicano pelo Arizona, apontaram de que forma pretendem gerir a questão energética e as mudanças climáticas no país.

Ambos defendem a independência energética em relação aos combustíveis fósseis importados do Oriente Médio e da Venezuela e dizem que é preciso investir em fontes alternativas e em energias renováveis. A partir daí surgem as diferenças.

Enquanto McCain aposta na instalação de usinas nucleares (com a construção de 45 reatores até 2030), na utilização do gás natural e na prospecção de petróleo fora da costa; Obama aponta para os biocombústiveis e a exploração da plataforma continental americana, sem descartar uma prospecção controlada de petróleo em alto mar ou o desenvolvimento de energia nuclear segura.

Obama propõe ainda tecnologias para carvão limpo, o que o torna impopular para os ambientalistas, mas garante apoio no seu estado de origem, já que Ilinois é um grande produtor de carvão.

Efeitos
Uma das questões que envolve o Brasil são as tarifas e os subsídios ao etanol. McCain afirma que se eleito eliminará a cobrança na importação do etanol feito da cana-de-açúcar e que cortará uma série de subsídios ao etanol norte-americano, produzido a partir do milho. “Eu sou contra os subsídios ao etanol porque eles distorcem o mercado e criam inflação. O senador Obama apóia esses subsídios”, afirma o republicano.

“Eu irei eliminar a tarifa sobre o etanol de cana-de-açúcar importado do Brasil”, acrescenta. Atualmente até o presidente Bush se opõe à tarifa de US$ 0,54 por galão de etanol importado, estendida pelo Congresso americano até 2010. O Brasil produz 27,5 bilhões de litros de etanol por ano e tem as exportações para os EUA limitadas em função dessa tarifa.

Mercado de Carbono
A adoção de metas para redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases do efeito estufa na atmosfera está no programa dos dois candidatos. McCain defende uma redução compulsória de 60% em relação aos níveis de 1990 até 2050. Para isso, sugere a criação de um sistema “cap and trade” (mercado de limites e comércio de emissões). Também prevê um programa de US$ 2 bilhões para desenvolver pesquisa de carvão limpo; uma taxa de crédito de US$ 5 mil para a compra de carros livres de emissões; e um prêmio de US$ 300 milhões para o aperfeiçoamento de baterias para veículos híbridos.

Obama, por outro lado, propõe que a renda obtida com a venda de permissões de emissões em um mercado “cap and trade” seja revertida para um fundo de US$ 150 bilhões de dólares para incentivar o desenvolvimento de biocombustíveis; de energias solar, eólica e geotérmica; além de tecnologias para carvão limpo e de conexões híbridas, entre outras alternativas ambientalmente corretas. O candidato democrata planeja reduções obrigatórias de emissões em 80% até 2050, em relação aos níveis de 1990.

Confronto
Durante o segundo debate, realizado em setembro, uma pergunta da audiência abordou especificamente o tema das mudanças climáticas e provocou respostas diferentes dos candidatos. Da platéia, Ingrid Jackson questionou: “Senador McCain, nós vemos que o Congresso agiu muito rápido em face à crise econômica. Eu quero saber o que o senhor faria nos dois primeiros anos de mandato para assegurar que o Congresso aja com a mesma rapidez nas questões ambientais, como as mudanças climáticas e os empregos verdes”.

McCain falou sobre a importância de se mitigar as mudanças climáticas, mas destacou que os EUA precisam investir em uma vasta quantidade de fontes energéticas, em particular na energia nuclear: “A energia nuclear é segura e limpa e cria centenas de milhares de empregos”, disse. Em outro momento do debate acrescentou: “Nós podemos trabalhar nas usinas de energia nuclear; construir um bocado delas, criar milhões de novos empregos”.

Em resposta à mesma questão, Obama falou que esse desafio pode ser encarado como uma oportunidade e que se deve utilizar investimentos públicos para encontrar soluções para as mudanças climáticas. Também mencionou apoio às energias renováveis. Contrariando McCain, afirmou ser favorável à energia nuclear apenas como um componente do mix geral de energia do país.

Quanto à exploração de petróleo em alto mar, Obama se mostra reticente: “Nós possuímos 3% das reservas de petróleo do mundo e usamos 25% do petróleo do mundo. Isso significa que não podemos simplesmente escavar nosso caminho para sair desse problema. E nós não estaremos prontos para lidar com as mudanças climáticas se nossa única solução for usar mais combustíveis fósseis, que causam o aquecimento”.

O republicano está convencido de que a exploração de petróleo fora da costa é vital para a economia dos EUA, pois reduzirá o preço do barril nas importações de petróleo. Obama já considera uma expansão limitada da exploração de gás e petróleo em alto mar, mas é contra a realização de escavações no Refúgio Nacional de Vida Selvagem no Ártico, defendida por McCain.

(Por Sabrina Domingos, do Carbono Brasil, Envolverde, 22/10/2008)


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