Uma ação de formação profissional rural inédita será desenvolvida em Santa Catarina pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) – é o treinamento de trabalhadores em mitilicultura para assentamento remoto de larvas de mexilhão.O curso será ministrado nesta quarta e quinta-feira, dias 22 e 23 de outubro, na Fazenda Marinha Atlântico Sul, de Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, anunciou o superintendente do Senar, Gilmar Zanluchi.
O treinamento, totalmente gratuito, terá 16 horas de duração e objetiva a atualização dos trabalhadores que se dedicam à criação de animais aquáticos. O foco dessa ação instrucional é produzir sementes de mexilhão através da técnica de assentamento remoto de larvas.
“O ponto forte do assentamento remoto é garantir a produção o ano todo e preservar o meio ambiente. Trata-se de ação pioneira que utiliza inovação tecnológica”, explica o engenheiro agrônomo Nelson Silveira Júnior que ministrará o treinamento.
Assentamento remoto é uma técnica na qual os mitilicultores recebem carregamentos de larvas do laboratório que as produzem e as transformam em sementes em suas fazendas. Essas larvas têm 0,2 mm de tamanho e, somente após o assentamento, sofrem metamorfose e se tornam sementes prontas para se iniciar o cultivo. Atualmente, a única unidade que produz larvas desse marisco é o Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC, engajado no projeto do Senar.
“Essa técnica dá ao produtor uma fonte estável de suprimento de sementes, além de previsibilidade, e, em conseqüência, o controle dos custos associados à semente”, explica Silveira Júnior. Porém, a maior contribuição desse processo é ambiental: hoje muitos produtores praticam a coleta de sementes para iniciarem seus cultivos a partir de raspagem de costões. Esta extração de sementes dos estoques naturais é uma prática ecologicamente insustentável, com sérios impactos para a flora e fauna dos ambientes sob influência das marés.
Capacitação
Serão formadas duas turmas com 10 a 16 participantes cada uma. Para participar, o candidato deve ter idade mínima de 18 anos, saber nadar e trabalhar com cultivo de mexilhões.
O conteúdo inclui aspectos gerais da mitilicultura, biologia reprodutiva do mexilhão, segurança e saúde no trabalho, cuidados com o meio ambiente, características do sistema de assentamento remoto de larvas, assentamento de larvas em mar, manejo de plantígrados, manejo de sementes, estimativa do rendimento de assentamento e produção de pencas com camisa de proteção.
Santa Catarina é líder nacional na produção de mexilhões cultivados. O Estado gera 10 mil toneladas de mexilhões por ano, o que representa 90% da produção nacional. A atividade concentra-se no litoral norte e na Grande Florianópolis. A atividade envolve 1.200 famílias.
Mexilhão é a designação comum aos moluscos de concha oval, alongada, recoberta de epiderme avermelhada ou parda, interior branco, com comprimento de até oito centímetros, comum no Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. É encontrado fixado às pedras.
Maiores informações sobre o assunto podem ser obtidas no site.
(MB Comunicação, Adjorsc, 22/10/2008)