No primeiro semestre de 2009 o Rio Grande do Sul deve começar a utilizar uma tecnologia inovadora que permite a transformação de resíduos de couro cromados em fertilizante. A solução está sendo trazida ao Estado pela empresa italiana Ilsa Spa, que instalará uma unidade no município de Portão.
Para o diretor-executivo da Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul (AICSul), Paulo Griebeler, essa tecnologia vai resolver um problema antigo, já que, atualmente, 100% dos resíduos sólidos produzidos pelas empresas coureiras no Estado ainda são colocados em aterros, o que representa 37 mil toneladas por ano. "Conseguir transformar isso em produtos, como o adubo, é um avanço significativo", observa. Tecnicamente, qualquer resíduo de couro é matéria-prima para a transformação em fertilizante. Os investimentos do setor em projetos de modernização ambientais são de aproximadamente US$ 10 milhões por ano. Na América Latina, são geradas anualmente 200 mil toneladas de material.
Os estudos para acertar os detalhes da implantação da unidade da empresa italiana no Estado levaram cerca de dois anos para serem finalizados. A Ilsa Spa possui licença operacional até 2010 e irá exportar 100% do que for processado. São 40 hectares de área que abrigará um pavilhão de aproximadamente 5 mil m². As obras de terraplenagem já estão em andamento. O valor do investimento não foi divulgado. "A instalação dessa empresa será muito importante porque ela vai dar uma destinação para os restos de couro. A nossa expectativa é muito positiva", destaca o secretário da Indústria, Comércio e Meio Ambiente de Portão, Délcio da Silva.
A companhia é detentora dessa tecnologia de transformação de resíduos cromados de curtume em fertilizantes orgânicos. O processo utiliza altas temperaturas para promover a quebra das moléculas presentes no couro, liberando nutrientes que irão compor o fertilizante orgânico.
A unidade gaúcha terá capacidade para absorver todos os resíduos sólidos dos setores de couro e de calçados do Rio Grande do Sul. No final de setembro, uma missão agroambiental do governo gaúcho esteve na Itália para conhecer novas tecnologias ambientais na área de tratamento de couro e fertilizantes. Na ocasião, uma das unidades visitadas foi a da Ilsa Spa. A possibilidade desse adubo ser comercializado no mercado gaúcho ainda está sendo avaliada tecnicamente pela Ufrgs e Ministério do Meio Ambiente.
(Por Patricia Knebel, Jornal do Comércio, 23/10/2008)