Um grupo de 21 técnicos, produtores e representantes da cadeia produtiva de produtos orgânicos no Estado vão participar da Biofach América Latina e da ExpoSustentat, que começa nesta quinta-feira (23), em São Paulo. Entre as novidades que serão apresentadas pelos capixabas, está o gengibre orgânico, que começará a ser exportado no próximo ano.
Segundo o gerente de projetos estratégicos da Associação de Certificação de Produtos Orgânicos Chão Vivo, Hélio Meneguelli, os capixabas apresentarão novidades a respeito da cadeia produtiva do café e de raízes cultivadas de forma orgânica. O carro chefe é o gengibre, que já está em avançado processo de produção e certificação. Além dele, são cultivados no Estado de forma orgânica o inhame, o cará, batata baroa, entre outras raízes.
A comissão capixaba não terá estande este ano. Trata-se de um grupo formador de opinião que tem o papel de analisar o mercado e, na volta ao Estado, formalizar as possíveis parcerias.
“A Biofach é uma feira de negócios. Sendo assim, para entrar com um estande precisaríamos de uma preparação muito grande do agricultor que fica ali e muitas vezes não consegue viabilizar os canais de comunicação. Por isso, agora vamos com técnicos e representantes dos produtores, para viabilizar os negócios”, ressaltou Hélio.
Os eventos na Biofach e na ExpoSustentat ocorrerão em paralelo nos dias 23, 24 e 25, no Transamérica Expo Center, das 11h às 20h. A expectativa é que quatro mil pessoas interessadas em fazer negócio visitem a feira diariamente.
Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), o mercado brasileiro movimenta US$ 250 milhões por ano com o mercado orgânico e a expectativa é que até 2010 o faturamento atinja US$ 3 bilhões.
No Espírito Santo, a iniciativa de produzir alimentos de forma ecológica mobiliza as associações de agricultores e vem conquistando espaços. O Estado produz cerca de 340 toneladas de alimentos orgânicos por mês, entre verduras, legumes e frutas. A produção anual de café orgânico é de aproximadamente três mil sacas, de 60 quilos.
A procura por produtos agrícolas sem venenos vem crescendo, pois os danos da agricultura convencional são enormes. Os venenos provocam vários tipos de câncer, impotência sexual e frigidez, destroem o sistema imunológico, provocam suicídios e deformações genéticas, entre muitas outras doenças.
Os maiores prejudicados são os produtores rurais que aplicam os agrotóxicos, muitos diariamente. Dos intoxicados por venenos agrícolas, cerca de 10% ficam definitivamente incapacitados para o trabalho, o que totaliza uma perda de 50 mil trabalhadores/ano no país. Os agrotóxicos intoxicam 500 mil brasileiros por ano, dos quais 10 mil morrem. O Espírito Santo é o terceiro do País no consumo por pessoa desses venenos.
Não são conhecidos os níveis de resíduos dos agrotóxicos nos alimentos consumidos no Estado, embora exista pesquisa em desenvolvimento para alguns produtos.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 21/10/2008)