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siderúrgicas danos ambientais
2008-10-22
Pouco se falou sobre o meio ambiente desde o dia 14, quando uma comissão viajou para a China para avaliar os impactos que a Baosteel causará em Anchieta, sul do Estado. Na prática, o que vem por ai é mais destruição. Além das intenções de instalar um laminador de tiras a quente, a Baosteel quer construir também uma termelétrica no Espírito Santo.

A empresa sequer concluiu a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) e já anuncia seu licenciamento para 2009, e ainda a construção de uma termelétrica para abastecer sua indústria. Isso fora as pretensões sobre o laminador, divulgado nesta segunda-feira (20).

Segundo o cronograma apresentado na China pela empresa, a expectativa era de finalizar o AAE e iniciar, pelo secretário estadual de Desenvolvimento, Guilherme Dias, a avaliação das unidades que serão instaladas na região. Entretanto, não é o que vem sendo feito, como afirmam os ambientalistas.

Eles lembram que nada foi apresentado sobre o AAE à comunidade, em reunião com o secretário, no último dia 8. Apesar de cobrarem os resultados preliminares do estudo e as medidas já apresentadas pela Baosteel, para garantir que o município suporte a instalação da mega siderúrgica, nenhuma dúvida foi respondida.

Ressaltam que não há tempo suficiente para a tal avaliação das unidades se nem o AAE foi finalizado. E que isso é um sinal de que um novo grande projeto será mais uma vez “enfiado goela abaixo” dos capixabas pelo governo do Estado. Segundo eles, até junho de 2009, será impossível fazer uma análise séria dos impactos ambientais e suas medidas mitigatórias.

 “Como seria possível começar a instalação da Baosteel em junho? Até o  processo da terceira usina da Samarco, que havia sido previsto e preparado durante anos, levou quase dois anos para ser concluído. Perto da Baosteel a terceira usina da Samarco é anã”, diz o manifesto da ambientalista Ilda Freitas, do Programa de Apoio e Interação Ambiental (Progaia).

Nessa viagem, alertam os ambientalistas, também não foram respondidas as questões como o que há de concreto em relação à infra-estrutura de Anchieta para receber o empreendimento e como a poluição do ar será minimizada. Tudo indica que será mais um projeto proposto de cima para baixo, sem levar em consideração a opinião dos moradores da região e a sociedade.

A Baosteel procurou o Espírito Santo depois de ser rejeitada no Maranhão e no Rio de Janeiro, devido os impactos ambientais que causaria a essas regiões. O projeto da Baosteel para Anchieta é o mais nocivo de seus processos industriais, como fez a CST, ao se instalar em Vitória.

A China procurou o Brasil depois de forte pressão mundial para que o país limitasse sua emissão de poluente. Como no Brasil o Protocolo de Kyoto não obriga a limitar as emissões, alguns estados são utilizados como área privativa dos processos mais nocivos das multinacionais.

No caso da Baosteel, a produção de aço em formas de chapas é a mais nociva de suas etapas de produção. Assim como a ex-CST, atual ArcelorMittal, que chegou ao Estado depois que os europeus e norte-americanos alertavam para os impactos ao meio ambiente causado pela produção industrial, particularmente a do ferro e aço. Na ocasião, as transnacionais escolheram o Brasil e a Coréia para implantar seus projetos poluidores.

(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 21/10/2008)

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