O Japão lançou nesta terça-feira um mercado voluntário de carbono, baseado nas promessas de redução de emissões feitas pelas empresas. A esperança é que milhares de companhias participem desse possível mecanismo precursor dos esquemas compulsórios de créditos e limites.
Quinto maior emissor mundial de gases do efeito estufa, o Japão reluta em estabelecer limites compulsórios às emissões, pois o setor industrial já realizou no passado esforços para se tornar mais eficiente e menos poluente. Mas, como todos os países ricos, o Japão é pressionando por nações em desenvolvimento a aceitar cortes ainda maiores, como parte de um tratado da ONU que deve vigorar depois de 2012.
"Se baseia num voluntário, porque gostaríamos de o máximo de empresas aderindo no começo. Mas pretendemos transformá-lo em um esquema de limite e crédito", disse o ministro japonês do Meio Ambiente, Tetsuo Saito, a jornalistas.
"Esperamos receber inscrições de milhares ou até dezenas de milhares de empresas, grandes, médias e pequenas, e também das principais empresas de cada região", acrescentou.
Nesse tipo de mecanismo, uma empresa pode comprar créditos que lhe permitam emitir poluentes além de determinada quota. O dinheiro dos créditos é usado em projetos de energia limpa e preservação ambiental.
As novas regras e seu impacto sobre a poluição serão avaliados anualmente, segundo o governo. O Protocolo de Kyoto exige que o Japão reduza suas emissões, até no máximo 2012, para um nível 6 por cento inferior ao de 1990. Até 2006, o Japão estava 6 por cento acima do nível de 1990.
O governo e as grandes empresas têm comprado créditos de carbono geridos pela ONU, na esperança de cumprir a meta do país. A influente entidade empresarial Keidanren resiste à adoção de metas compulsórias contra as emissões e a um sistema de crédito igual àquele existente na União Européia.
Atualmente, cada setor industrial vinculado à Keidanren tem uma meta voluntária para o período 2007-12. O Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, determina que 37 países desenvolvidos reduzam suas emissões. O novo tratado, a ser aprovado até o final de 2009, deve incluir metas também para países em desenvolvimento.
(Reuters, O Globo, 21/10/2008)