Apesar de todo o apoio declarado pelos candidatos à presidência, as energias eólica, solar e outras tecnologias alternativas enfrentam enormes desafios por causa da crise financeira e da queda no preço do petróleo e gás natural. As ações de companhias de energia alternativa caíram mais do que o restante do mercado nos últimos meses. Além disso, as dificuldades das instituições financeiras geram temores de que o capital de investimento para grandes projetos de energia renovável deva diminuir.
Os defensores dizem estar preocupados que se o preço do petróleo e gás natural continuarem a cair, o incentivo para que consumidores usem fontes de energia renováveis mais caras também diminua. Isso aconteceu nos anos 1980 quando uma década de avanços em relação às fontes alternativas de energia ruíram diante da queda nos preços dos combustíveis convencionais.
Ambos os senadores Barack Obama e John McCain prometeram programas ambiciosos para desenvolver vários tipos de energias alternativas para combater o aquecimento global e conquistar independência energética.
Obama diz que irá criar 5 milhões de novos empregos no setor de energia renovável e triplicar a percentagem do fornecimento elétrico da nação advindo destas fontes até 2025. McCain veiculou propagandas de televisão mostrando turbinas de vento e prometeu fazer dos Estados Unidos "os líderes de uma nova economia verde internacional".
Mas depois de anos de rápido crescimento, as súbitas dificuldades denotam um desaceleramento do momento e maior dependência dos subsídios governamentais, que determinam o financiamento de pesquisas, num momento em que Washington está sobrecarregada com problemas financeiros.
O investimento em projetos de energia solar avançados e biocombustíveis experimentais, como o etanol feito a partir dos resíduos de plantas, está acabando, de acordo com analistas que acompanham o fluxo de investimentos neste setor. Ao menos duas companhias de energia eólica tiveram que adiar projetos recentemente por causa de problemas para gerar o capital necessário.
Promessas de campanha
A próxima gestão, para manter as promessas de campanha e o apoio às energias renováveis, terá que escolher a energia renovável antes de outros programas num momento de crescente déficit. Os especialistas dizem que no momento não é possível se ter certeza de nada.
A questão principal referente às energias renováveis no momento, segundo os especialistas, é por quanto tempo o crédito será insuficiente e até quando o valor do petróleo e gás natural irá cair.
Especialistas de Wall Street afirmam que a maioria das indústrias pode optar por projetos eólicos no lugar do gás natural quando este custa US$8 por mil pés cúbicos. Mas o gás natural chegou a US$6.79 por mil pés cúbicos na segunda-feira, uma queda dos US$13.58 registrados no dia 3 de julho.
"O gás natural agora custa US$6 e faz com que a energia eólica seja uma idéia questionável e a energia solar seja cara demais", disse Kevin Book, vice-presidente da FBR Capital Markets. "Quando não se pode pedir dinheiro emprestado, não se pode desenvolver projetos de energia renovável", disse Book.
(Por CLIFFORD KRAUSS, The New York Times, Ultimo Segundo, 21/10/2008)