Além da NASA, as agências espaciais da Europa, do Japão, da China e até da Índia já falam em estabelecer bases na Lua. Um sinal de que, mais ou cedo ou mais tarde, de forma independente ou colaborando entre si, veremos astronautas de diversas nacionalidades construindo as primeiras bases permanentes na Lua. Marte deverá vir a seguir, algumas décadas mais tarde.
Um dos grandes desafios dessa colonização espacial é o fornecimento de água. Levar água da Terra é muito caro e seria muito mais fácil se fosse possível extrair essa água localmente.
Extraindo água na Lua e em Marte
Agora, Bill Kaukler, da Universidade do Alabama, e Edwin Ethridge, da NASA, acreditam ter achado a solução ideal para extrair água da camada de solo congelada nos pólos da Lua.
"Muitas pessoas pensam que não existe água na Lua," diz Kaukler. "É verdade que nem todas as partes da Lua têm água. Onde as missões Apollo pousaram não há muita água porque ela é exposta ao Sol metade do tempo. Entretanto, nas regiões polares, satélites exploratórios encontraram enormes quantidades de hidrogênio, o que é uma evidência de que a água existe."
Regolito
A superfície da Lua é recoberta por uma camada de até dois metros de espessura de regolito, uma poeira fina e heterogênea, formada ao longo de milhões de anos pelo bombardeio constante de meteoritos e cometas. Os cientistas acreditam que a água está embebida nessa camada congelada e pode ser extraída de lá utilizando microondas.
Os dois pesquisadores construíram um equipamento experimental que permite o aquecimento da camada de solo lunar congelado, fazendo com que a água se descongele e chegue até a superfície, onde pode ser coletada.
Extraindo água na Lua
"As microondas não são fortemente absorvidas pelo regolito, podendo penetrar mais de um metro no solo e aquecê-lo," explica Kaukler. O aquecimento é possível porque o solo da Lua tem até 5% de ferro, uma composição semelhante à das rochas vulcânicas da Terra.
Nas crateras dos pólos lunares, onde a luz do Sol não chega, a temperatura é de -150º C. A camada de solo e gelo congelada terá que ser aquecida apenas até entre -100º C e -50º C para produzir uma pressão de vapor de água suficiente para subir até a superfície.
A água será coletada em placas metálicas sobre o solo, onde ela formará cristais de gelo que poderão ser raspados para utilização pelos astronautas.
Forno de microondas lunar
O protótipo construído pelos cientistas gera um feixe de microondas com 1.000 watts de potência, semelhante ao de um forno de microondas doméstico. As experiências mostraram que o equipamento é capaz de remover 99% da água congelada no solo por meio de sublimação, ou de converter a água congelada diretamente em vapor, permitindo a captura de 95% da água.
Os pesquisadores fizeram seus testes em um material terrestre que simula a composição física e química do regolito. Segundo eles, será necessário fazer mais testes para avaliação das propriedades eletromagnéticas do próprio regolito nas várias freqüências de microondas. A alteração dessas freqüências permitirá que as microondas penetrem mais profundamente na camada de solo, aumentando o rendimento do aparelho.
Concreto sem água
Em 2005, um colega do Dr. Kaukler propôs a fabricação de concreto sem água para a fabricação de tijolos na Lua, que poderão ser empregados na construção das obras de engenharia necessárias ao estabelecimento de uma base lunar permanente.
(Inovação Tecnológica, 21/10/2008)