Duas pesquisas científicas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) do Amapá, uma voltada ao sistema produtivo da banana no estado e outra relacionada com plantas medicinais estão entre 120 trabalhos selecionados em todo o país pelo I Simpósio de Inovação e Criatividade Científica, como parte da programação da IV Exposição de Tecnologia Agropecuária "Ciência para a Vida".
O primeiro estudo premiado, que busca uma inovação tecnológica para aumento da produtividade da banana amapaense, partiu da seleção e da cultura de tecidos de genótipos da fruta que fossem resistentes a doenças. Participaram da pesquisa os pesquisadores da Embrapa Amapá: Jorge Segovia, Jurema do Socorro Azevedo Dias e Antonio Claudio Almeida de Carvalho, o pesquisador do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA) Marcelo Carin e a bióloga Magda Celeste Alves Gonçalves.
A segunda pesquisa selecionada será publicada como artigo na revista internacional "European Rerew For Medical And Pharmacological Sciences" e tem como objeto de estudo os extratos crus de espécies de plantas amazônicas em que se buscam princípios ativos contra bactérias causadoras de infecções hospitalares. Fazem parte do estudo deste tema Magda Celeste Alves Gonçalves, Viviane Lima de Oliveira, Dâmaris Silveira e Luís Isamu Barros Kanzaki.
Sobre o sucesso dos dois estudos, o pesquisador Jorge Segovia enfatizou a importância da parceria estabelecida entre Embrapa, Universidade Federal do Amapá (Unifap), Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA) e Universidade de Brasília (Unb).
De acordo com ele, o esforço conjunto tem permitido a caracterização e a retirada de extratos brutos de plantas nativas, bem como a posterior análise fitoquímica da atividade antibiótica desses vegetais. "Os resultados preliminares mostram o potencial terapêutico encontrado na diversidade de caracteres genéticos da flora amazônica", afirma Segovia.
Inovação que impulsiona o desenvolvimento econômico sustentável
O trabalho científico cujo foco é a produção de bananas no Amapá, tem dimensionado e analisado o desempenho da bananicultura para avaliar que melhorias são necessárias ao aumento de produtividade desse setor no estado. A iniciativa faz parte de um processo de inovação tecnológica implementado na economia amapaense como política pública voltada ao desenvolvimento da agricultura familiar.
A dinâmica produtiva do setor de base agrária, voltado à produção de banana, foi analisada conforme os dados dos Censos Agropecuários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e da Divisão de Estatística e Informação de Mercado e Feiras da Secretaria de Estado de Agricultura, Pesca, Floresta e Abastecimento do Amapá.
Os dados mostraram que, no período de 2001 a 2004, tanto a área plantada quanto a produção de banana decresceram, respectivamente, 16,5% e 26,2%. A baixa produtividade observada até 2000 e o declínio da produção de 2001 a 2004, são relacionados a patógenos, como Ralstonia solanacearum, Fusarium oxysporum f. sp cubense, Mycosphaerella musicola e Mycosphaerella fijienses.
Em decorrência do processo de inovação tecnológica em escala, criado pela Embrapa Amapá em parceria com o IEPA, para a propagação de cultura de tecidos produtivos de fruteiras, no período entre 2004 e 2006, a área plantada voltou a crescer, com variação de 20,4%, enquanto a produção da banana teve expansão de 56,8%.
A melhoria foi alcançada a partir da multiplicação dos seguintes genótipos: Caipira, Thap Maeo (Fig. 1), FHIA 1, FHIA 18 e PV0344, todos resistentes a doenças, como Sigatoka Amarela, Sigatoka Negra e ao Mal-do-Panamá.
A Embrapa Amapá avalia atualmente os novos genótipos: Pacovan Ken, Preciosa, FHIA Maravilha e Tropical e se espera uma nova etapa de inovação tecnológica, que seja capaz de incrementar as taxas de conversão líquidas do valor da produção de bananas, gerando alternativas econômicas e de desenvolvimento sustentável para a agricultura familiar.
De acordo com Sagovia, tais estudos de melhoramentos genéticos buscam a multiplicação do cultivo comercial de plantas resistentes, tendo em vista a preocupação com a preservação do meio ambiente aliada à produção.
"Pelo emprego desta nova técnica, que tem sido expandida aos agricultores amapaenses por técnicos treinados do IEPA, a floresta é mantida em pé, já que os genótipos resistentes da banana são plantados juntos a espécies nativas, adotando-se o sistema produtivo de agrofloresta", afirmou o pesquisador.
(Amazonia.org.br, 21/10/2008)