Madeireiros pagaram para que funcionários no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) os deixassem trabalhar no órgão em Marabá, no Pará. Essa foi a denúncia do Ministério Público Federal (MPF). De acordo com a ação enviada à justiça na sexta-feira (17/10), a irregularidade ocorreu de 1997 a 2004. Após 2004, os problemas com contratação continuaram, dessa vez relacionados a nepotismo.
O Ministério Público Federal acusa Ademir Martins dos Reis e Edivaldo Pereira da Silva, ex-gerentes executivos do órgão no sudeste paraense, e o analista ambiental Orlando Alves Maia. A ação, assinada pelos procuradores da República em Marabá Marcelo José Ferreira e Marco Mazzoni, pede, entre outras coisas, a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos e o pagamento de multa de até cem vezes o valor da remuneração recebida.
Segundo o MPF, os dirigentes do Ibama em Marabá fizeram um acordo verbal com a prefeitura de Eldorado dos Carajás que dizia que o município iria ceder e custear funcionários para o órgão. Entretanto, o pagamento pela prefeitura era só aparência, e quem de fato fez os pagamentos foram a Associação das Indústrias Madeireiras de Eldorado dos Carajás (Assimec) e o Sindicato das Indústrias Madeireiras de Jacundá. "No caso do convênio com o sindicato, o acordo não foi só verbal, como ocorreu com a Assimec: a imoralidade foi formalizada por escrito, em contrato", diz o MPF.
De acordo com a ação, a madeireira tinha interesse direto na contratação e servidores para o Ibama, já que "várias das empresas a ela filiadas possuíam pleitos perante o órgão, notadamente em razão da vigência, à época, de uma portaria pela qual se autorizava as empresas a procederem ao corte de castanheiras mediante o plantio de seis novas árvores da mesma espécie para compensar cada uma derrubada".
Após o término do convênio com o sindicato madeireiro, o Ibama contratou a empresa J. Silva Lima, para prestação de serviços. "Dos 14 funcionários contratados pela empresa, quatro têm algum vínculo familiar com funcionários do Ibama. Além disso, todos os seis que já tinham trabalhado no órgão a serviço dos madeireiros foram recontratados", diz o MPF.
(Amazonia.org.br, 21/10/2008)