Centenas de camponeses da Via Campesina e do MST realizam, nesta terça-feira (21/10), um Ato Ecumênico para relembrar um ano de assassinato do militante Valmir Mota de Oliveira, o Keno, na antiga área da transnacional suíça Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná.
O Ato será às 9h, no acampamento Terra Livre, localizado no assentamento Olga Benário, próximo ao local do assassinato. Participam religiosos, autoridades, e camponeses da Via Campesina de várias regiões do Paraná.
Keno foi executado, em 21 de outubro do ano passado, após a reocupação do campo de experimentos da Syngenta, em outubro do ano passado, quando cerca de 40 homens de uma milícia armada, identificada como seguranças da empresa NF, contratada pela transnacional, atacaram o acampamento Terra Livre. O militante se tornou o primeiro mártir das transnacionais, executado por uma milícia privada dentro da área de uma das maiores multinacionais de biotecnologia, responsável pelo maior caso de contaminação genética comprovado no planeta.
A Via Campesina cobra justiça em relação ao caso, exige o fim da criminalização dos trabalhadores Sem Terra que sofreram o ataque, mas foram transformados em ‘culpados’ pelo Ministério Público local. E luta para que os responsáveis do ataque contra os camponeses/as não permaneçam impunes.
No último dia 14, durante a Escola de Governo do Paraná, a Syngenta cedeu à área de 127 hectares usada para a realização de experimentos transgênicos ilegais, em Santa Tereza do Oeste, para Estado do Paraná. O local que passou a ser administrado pelo IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná) será transformado em Centro de Referência de Sementes Crioulas e vai se dedicar a produzir e multiplicar sementes crioulas que serão distribuídas aos pequenos agricultores do Paraná e enviadas aos países pobres que foram devastados pelos recentes furacões.
A vitória só foi possível devido a luta incansável e da resistência dos camponeses da Via Campesina, que permaneceram acampados na região por mais de dois anos.
A Via Campesina comemora a entrega da área ao estado, mas acredita que, somente isso não é suficiente para resolver o conflito e punir os responsáveis pelo assassinato. Pois, até o momento os executores e mandantes do crime continuam impunes e a Syngenta ainda não pagou a multa ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), por crime ambiental ao desenvolver experimentos de transgênicos na área de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu.
(MST, 21/10/2008)