Existem pelo menos cinco grupos de índios isolados na área de abrangência da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, de acordo com relatório interno da Fundação Nacional do Índio (Funai) publicado pelo jornal O Globo. Segundo o relatório, um dos grupos está a apenas 14 quilômetros do canteiro central da hidrelétrica, em Jacareúba Katawixi.
A presença de índios isolados na região pode modificar o calendário de construção da usina. Segundo o coordenador-geral de Índios Isolados da Funai Elias Bígio, caso seja constatada a existência desses grupos, as obras não seguirão o calendário do consórcio Madeira Energia. As obras da usina de Santo Antônio já começaram.
Índios isolados são grupos indígenas que nunca tiveram contato com não-índios. Segundo a Funai, esses índios não devem ser contatados, a não ser que estejam sob risco de morte. Experiências de contato com índios isolados no passado foram desastrosas devido ao choque cultural e transmissão de doenças.
A presença de índios isolados a 14 quilômetros de distância dos canteiros surpreendeu o gerente de sustentabilidade do consórcio Madeira Energia, que disse que a Funai nunca mencionou a existência de índios em Jacareúba Katawixi.
Apesar disso, grupos da sociedade civil e movimentos sociais já alertam há algum tempo a presença desses índios na região. Recentemente a Associação Etno-Ambiental Kanindé fez uma denúncia formal no Tribunal Latinoamericano da Água por violação dos direitos indígenas contra as usinas do rio Madeira, responsabilizando o governo brasileiro. Segundo o sertanista Sidney Possuelo, entrevistado pelo O Globo, o governo pode ser condenado por crime contra populações indígenas. "Pesa grande responsabilidade para a Funai em bater o pé e dizer: não tem canteiro de obras até que se verifique se os índios existem".
(Amazonia.org.br, 21/10/2008)