Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic) afirmou, em comunicado, que os protestos dos povos indígenas no país vão continuar e que nenhum acordo foi feito com o governo colombiano. Cerca de 20 mil indígenas estão convocados para realizar uma marcha, a partir desta segunda-feira (20), desde o departamento de Cauca até a cidade de Cali, a 300 quilômetros ao sudoeste de Bogotá, e assim depois atingir a capital colombiana.
Segundo o comunicado da Onic, a Minga de Resistência Indígena e Popular e a marcha dos povos indígenas têm por objetivo semear na consciência da Colômbia e do mundo o sofrimento ocasionado pela violação dos direitos humanos, denunciando o genocídio implementado pelo presidente Álvaro Uribe, que já assassinou 1.253 indígenas. De acordo com a entidade, 18 povos se encontram em vias de extinção e mais de 10 mil indígenas estão deslocados.
Uma das principais causas de protesto é a estigmatização dos indígenas por parte do governo, declarando-os como guerrilheiros. O presidente da Associação de Cabildos Indígenas do Norte do Cauca (Acin), Danilo Secue, afirmou que houve o pedido de uma autorização para a marcha, porém, caso não seja autorizada, os povos irão marchar mesmo assim fundamentados no direito à livre mobilização. O conselheiro-chefe da ONIC, Luis Casama, disse que o movimento é digno e que defende os direitos indígenas, não podendo assim ser chamado de terrorista nem de guerrilheiro.
O presidente colombiano começou os trâmites para comprar as terras em Cauca, apesar dos contínuos bloqueios dos indígenas. Segundo Uribe, a força pública vai continuar nas zonas onde foram registrados violentos conflitos com os indígenas. Até agora, os enfrentamentos deixam um saldo de um indígena morto, mais de 90 feridos e 70 policiais lesionados. Segundo a Onic, o governo também mantém um sistema de recompensas para quem denuncia os líderes dos movimentos sociais.
De acordo com informações da Onic, as comunidades indígenas oferecem e exigem o território de convivência, diálogo e negociação de La Maria, Piendamó, para o funcionamento da mesa de negociação. Porém, elas exigem que a força pública deixe a região. O governador de La Maria disse que algumas famílias indígenas e camponesas, que vivem ao redor do espaço central do lugar de convivência, estão impedidas de ingressar no local onde residem. Além disso, o governador denuncia que toda a comunidade se encontra sitiada.
(Adital, 20/10/2008)