Pesquisas de melhoramento genético de sementes e de agroecologia irão substituir os experimentos de transgênicos da transnacional Syngenta na cidade paranaense de Santa Tereza do Oeste. A empresa doou, na semana passada ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), sua propriedade de 120 hectares, vizinha ao Parque Nacional do Iguaçu.
No último dia 15, técnicos do Iapar avaliaram as instalações físicas e a área agricultável da fazenda. O diretor-presidente do instituto, José Augusto Picheth, relata que a área tem uma boa fertilidade e topografia, o que irá facilitar os trabalhos. Nesta semana, os técnicos já iniciam o plantio de algumas espécies para recuperação do solo.
"Já nesse primeiro momento nós vamos trabalhar com milho, feijão, arroz, amendoim. Dentro da nossa programação, nossos projetos de pesquisa estão previstos para ocorrer em determinados locais. Tempos 17 áreas próprias do Iapar onde executamos nosso trabalho de campo", explica.
A área doada pela Syngenta é a primeira unidade de pesquisa própria do Iapar na região Oeste do estado. De acordo com Picheth, o instituto pretende usar a área para desenvolvimento de novas variedades, teste e avaliação de comportamento de cultivos do instituto, melhoria genética de sementes e desenvolvimento da agroecologia. A fazenda também pode contribuir no zoneamento da mandioca, que terá seus primeiros testes no litoral paranaense.
Em relação a agroecologia, o Iapar já possui alguns projetos em andamento que devem ser levados para a antiga área da Syngenta, como é o caso do feijão preto.
"O feijão gralha, preto, é desenvolvido para a agricultura orgânica. Ele pode ser utilizado para a agricultura convencional, mas foi desenvolvido devido a sua rusticidade e características de produtividade para a agricultura orgânica. A agroecologia é uma das nossas áreas de pesquisa e também vão estar presente na área da antiga Syngenta", confirma.
No entanto, o diretor do Iapar pretende transformar a área em uma unidade regional com pesquisadores fixos, como já existe na sede Londrina e nas cidades de Curitiba, Ponta Grossa, Pato Branco e Paranavaí. O instituto deve apresentar em breve um estudo para avaliação do governo estadual. Além da área agricultável, a antiga fazenda da Syngenta conta com instalações apropriadas para a produção e beneficiamento de sementes, escritórios e laboratórios. Ainda há áreas de florestamento e de mata nativa.
A área doada ao Iapar foi usada ilegalmente pela Syngenta para plantio de soja e milho transgênicos. A fazenda também foi palco de um ataque de pistoleiros na região, que resultou no assassinato de um trabalhador sem terra.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 20/10/2008)