Encerrou-se domingo (19) o seminário “Realidade Sócio Ambiental da Fronteira”, que aconteceu desde quinta-feira,16, no Centro de Formação “Frei Ciro”, na cidade de Tabatinga (AM). Participaram cerca de 100 lideranças indígenas, ribeirinhos, dirigentes de entidades e movimentos sociais do Brasil, Peru e Colômbia.
Ao mesmo tempo em que se realizou o evento no lado brasileiro, em várias partes da Colômbia indígenas promoveram protestos pela demarcação de suas terras e retirada de grandes empresas mineradoras. Conforme relatou Manuel Suña, representante da Asociación de Cabildos Indígenas del Trapecio Amazonico – Acitam, na última terça-feira, 14, em conflito com policiais foram mortos 27 indígenas e outros cem ficaram feridos. O incidente ocorreu na rodovia Panamericana, na região localizada entre as cidades de Medellin (Antioquia) e Popayán, no departamento de Cauca, distante 800 quilômetros de Bogotá, aproximadamente.
Os manifestantes permanecem no local a espera do presidente colombiano Álvaro Uribe. Desde que fecharam a rodovia Panamericana, eles quiseram negociar diretamente com o presidente daquele país. “O presidente Uribe enviou um representante para conversar com os indígenas, mas eles querem dialogar diretamente com o presidente”, diz Manuel Suña.
Também no Peru as lutas indígenas tem se intensificado nos últimos meses. Lá eles travam batalhas contra madeireiras e mineradoras. Não há leis de proteção aos direitos indígenas no País, por isso as comunidades também se levantam contra projetos leis que tramitam no congresso peruano favorecendo a exploração nos seus territórios. No departamento de Loreto, na Amazônia peruana, 98 por cento das terras indígenas estão loteadas por mineradoras e madeireiras, informa Jose Carlos Herrera Valenzuela, representante da Red Ambiental Loretana.
Como forma de pressão aos congressistas, os indígenas fecharam vários poços petrolíferos. As companhias que exploram as jazidas são de propriedade de peruanos, financiadas por grupos estrangeiros, explica Herrera. “A aprovação das leis legalizando a exploração petrolífera é um atentado contra os direitos humanos. Há muitos povos que já estão sendo afetados e que correm o risco de perder seus territórios para as empresas petrolíferas”, relata ele.
Documento
Para sensibilizar a sociedade e cobrar dos governos políticas públicas na região fronteiriça os participantes do seminário “Realidade Sócio Ambiental da Fronteira” divulgaram o documento ao final do evento. Eles querem dos governantes o compromisso para proteção dos territórios indígenas, assistência às comunidades ribeirinhas e preservação do meio ambiente. Lideranças do Brasil denunciaram a falta de assistência aos povos do Vale do Javari (Oeste do Amazonas), mortes por doenças e querem proteção aos indígenas sem contato, dentre outras reivindicações.
(Cimi, 20/10/2008)