As rodovias causam grandes impactos sociais e ambientais na Amazônia e podem dificultar tentativas de controlar o desmatamento. Ignorando este fato, o governo federal as considera prioridade pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A ONG Preserve Amazônia faz articulações no Congresso para que se discutam alternativas às rodovias, tais como ferrovias. Esse foi o tema da apresentação de Marcos Mariani, da Preserve Amazônia, na última semana, no Encontro Latino-Americano de Comunicação e Sustentabilidade.
As rodovias em questão são as BRs: 319, 230, 163, 319 e 230. A maioria é estrada de difícil acesso. “Se na BR-163, que não foi asfaltada ainda, o simples anúncio [do início da pavimentação] aumentou o desmatamento em 500%, imagina o que vai acontecer na BR-319, que cruza o coração da Amazônia, onde está preservado somente por que as pessoas não têm acesso”, aponta Mariani.
Segundo ele, o EIA-Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente) foi feito, mas de forma incompleto já que não se levou em conta a possibilidade de construção de ferrovias. A ONG não é contra as rodovias, “há certos lugares que não há outro jeito”. Mariani morou 12 anos no Pará, e relata que 80% do desmatamento ocorrem próximo à elas. “É uma situação que se torna inevitável já que o governo não controla o desmatamento nem nas frentes que já estão abertas, imagine como será a situação se o governo asfaltar todas as estradas que cortam a Amazônia?”, afirma.
Em setembro deste ano, o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc anunciou a suspensão por 60 dias do processo de licenciamento ambiental da BR-319 e classificou a medida como preventiva para proteger a área mais preservada da Amazônia. Por enquanto a obra está parada.
O governo aponta a necessidade de se asfaltar a polêmica BR-319, pois por ela é feito o transporte de produtos da Zona Franca de Manaus até São Paulo. O balanço mais recente divulgado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê a conclusão da rodovia até 2012.
(Por Glória Vasconcelos, Envolverde, 19/10/2008)