(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
desmatamento da amazônia passivos da pecuária passivos do agronegócio
2008-10-20

A recessão ou desaceleração econômica mundial, que resultará da crise financeira originada nos Estados Unidos, pode produzir benefícios ambientais no curto prazo, com redução do consumo energético e do desmatamento amazônico, mas os efeitos podem ser negativos mais adiante. Uma demanda menor de produtos agropecuários e a conseqüente queda dos preços, especialmente se isso ocorrer com a carne bovina e a soja, diminuiria a pressão sobre a Amazônia brasileira, disse Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

A expansão da pecuária, que necessita de extensas terras baratas, é a principal causa direta do desmatamento amazônico, fonte de 75% dos gases causadores do efeito estufa emitidos no Brasil. A soja, outros cultivos e a extração de madeira também fazem parte deste processo de danos à natureza. O acompanhamento do Imazon mostra que no último ano amazônico, de agosto a julho, diminuiu o desmatamento em 6%, em relação aos 12 meses anteriores. Para isto foi decisiva a forte redução em junho e julho, meses em que normalmente a atividade predadora das florestas aumenta aproveitando a estiagem.

Barreto disse à IPS que esta queda já pode indicar algum efeito da crise econômico-financeira mundial, mas, o mais provável é terem dado resultado as medidas do governo federal, especialmente a restrição ao crédito para fazendeiros que não cumprem normas ambientais e territoriais. Um freio na economia mundial diminuiria o uso de recursos naturais, a contaminação e a perda de biodiversidade, mas não se pode garantir que se aproveitará a oportunidade para sustentar essa tendência no futuro, acrescentou.
Por um lado as dificuldades econômicas estimulam a busca por eficiência, mas também pode fazer com que a indústria, por exemplo, rejeite custos adicionais para conter sua contaminação, disse Barreto. Assim, o meio ambiente perderia prioridade diante do esforço para recuperar a economia. A escassez de capital também pode “retardar a renovação tecnológica, prorrogando a utilização de tecnologias obsoletas”, enquanto o barateamento do petróleo levaria ao abandono dos esforços para sua substituição por fontes energéticas mais sustentáveis, disse, por sua vez, Roberto Smeraldi, diretor da organização não-governamental Amigos da Terra/Amazônia Brasileira.

Mas há fatores positivos imediatos e também duradouros na crise. O fato de haver “menos dinheiro fácil” obrigará o mundo a valorizar a eficiência e “retirar recursos de projetos que só se justificavam pela suposta abundância de liquidez”, disse Smeraldi à IPS. O ativista entende que mais regulamentação no sistema financeiro leva a “mais controle social e responsabilidade também na questão ambiental”. Além disso, destacou a previsível redução do ritmo de extração mineral e da agricultura de exportação. As crises financeira e ambientam têm a mesma origem, que é “a externalização e dispersão de passivos, sejam dívidas não pagas ou contaminação e resíduos”.

Os impactos da crise financeira na mudança climática serão “heterogêneos e contraditórios”, resumiu à IPS Eduardo Viola, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília. “A contração radical da liquidez mundial” também reduzirá os investimentos em “energia não-carbônica”, Comissão Européia a eólica, solar e os biocombustíveis, tornando “mais lenta a revolução energética”, pois perde o grande estímulo como os altos preços do petróleo, ressaltou.

O carvão também terá de ser mais usado diante da escassez de crédito que dificultará a construção de centrais hidrelétricas em países que, como China e Índia, necessitam ampliar suas fontes de energia para manter a expansão econômica, disse Viola. A crise não é boa para a questão climática, embora coloque um freio no aumento das emissões dos gases causadores do efeito estufa, porque “congela a situação”, adiando políticas de mitigação para não perder empregos, acrescentou.

Como positivo para o futuro, este professor destaca que a sacudida que a humanidade está sofrendo pode “mudar mentalidades e valores”, pondo em questão o “hiperconsumismo, o modo de vida consumista e imediatista”, a favor de uma sustentabilidade maior. Mas, o momento ainda é de muita incerteza e tudo dependerá de o mundo escolher a cooperação para uma nova governabilidade financeira, que teria efeitos positivos também na área ambiental, ou se a adoção será pelo conflito, concluiu.

(Por Mario Osava, Envolverde, IPS, 17/10/2008)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -