A Votorantim Celulose e Papel (VCP) divulgou na sexta-feira, 17, o balanço referente ao terceiro trimestre deste ano. Em relação ao mesmo período no ano passado, a empresa saiu de um lucro de R$ 282,861 milhões para um prejuízo de R$ 585,465 milhões. A receita líquida da VCP somou R$ 732,321 milhões no período, o que representa uma queda de 6,25%, na mesma base de comparação. A linha financeira líquida passou de positiva em R$ 110,883 milhões para negativa em R$ 957,989 milhões.
Com isso, a VCP diminuirá a venda de celulose nos próximos meses. A intenção é dar uma parada comercial por cerca de uma semana, durante o quarto trimestre deste ano. A medida deve reduzir a produção em aproximadamente 25 mil toneladas.
Além de prejudicar o comércio do insumo, a crise econômica mundial levou a VCP a analisar a possibilidade de retardar por tempo indeterminado a implantação do projeto Losango - que previa a construção de uma fábrica em Rio Grande ou Arroio Grande. De acordo com o cronograma original, este seria apresentado ao Conselho de Administração em julho do ano que vem e, se aprovado, a aquisição de equipamentos e o início das obras ocorreriam no segundo semestre de 2009, de forma que a unidade entrasse em operação no segundo semestre de 2011. Consta no documento "no momento, a administração da VCP está analisando a possibilidade de retardar por tempo ainda não definido a implantação do Losango, tendo em vista as mudanças materiais nas condições macroeconômicas globais, que certamente irão reduzir o crescimento econômico mundial nos próximos anos e o crescimento da demanda pelas principais commodities".
Aracruz anuncia adiamento da ampliação da fábrica de Guaíba
A Aracruz foi uma das primeiras empresas brasileiras, "vítima'' da crise financeira global, a anunciar seu balanço trimestral. A companhia revelou um prejuízo líquido de R$ 1,642 bilhão no terceiro trimestre deste ano, ante um lucro líquido de R$ 260,9 milhões em idêntico período em 2007. A receita financeira líquida da empresa, que foi de R$ 141,3 milhões no terceiro trimestre de 2007, tornou uma despesa financeira líquida de R$ 2,462 bilhões no trimestre passado. Como adiantado pela Aracruz no início deste mês, a empresa reconheceu perdas de R$ 1,95 bilhão devido a operações de câmbio que sofreram com a oscilação brusca das cotações, que saltaram de R$ 1,63 para R$ 1,90 no mês de setembro.
A Aracruz optou em adiar por até um ano o projeto de expansão da fábrica de Guaíba. O objetivo com a medida é adequar os estoques de celulose e papel que precisam fluir na cadeia.
"Com o rápido desaquecimento das principais economias globais, muitas já estão próximas de um período de recessão, motivado pela crise financeira, a baixa disponibilidade de crédito e o ainda elevado preço das commodities. O impacto sobre o setor de papel e celulose ainda é incerto e difícil de prever, mas já está sendo sentido'', admitiu a diretoria da Aracruz, em seu balanço.
(Por Mônica Caldeira, Jornal Agora, 20/10/2008)