Os debates para implementar o plano adotado pela União Européia para reduzir suas emissões de gases poluentes está provocando uma divisão no bloco. E as divergências deverão ficar claras nesta segunda-feira, durante a reunião de ministros do Meio Ambiente da UE, que ocorre em Luxemburgo. O encontro deverá ter debates duros, que refletirão os diferentes pontos de vista sobre o tema.
De um lado, a França, país que exerce a presidência de turno da UE, defende os parâmetros acordados por unanimidade no último mês de março para controlar os níveis de substâncias despejadas na atmosfera a partir de dezembro. Mas a Itália encabeça um grupo de países -- formado por Polônia, República Tcheca, Hungria, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Bulgária e Eslováquia -- que propõe incluir na proposta uma cláusula que permita voltar a discutir o assunto em 2009.
O objetivo do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, é promover uma avaliação de qual o impacto de custo-benefício que cada país terá ao impor limites às emissões de gases. A postura do premier foi bastante criticada dentro do país, pois poderia estar isolando a Itália do restante do bloco.
"A disposição de não respeitar as diretrizes ambientais da UE e de alinhar-se aos países menos desenvolvidos do bloco mostra uma percepção errada do Estado e uma postura absoluta em relação à classe empresarial, que não perde a chance de mostrar seu atraso cultural", opinou Cláudio Saroufim, responsável por temas ambientais do Partido Comunista italiano.
Em declarações à ANSA, Berlusconi respondeu às críticas atacando a oposição. "O pedido italiano de ter mais tempo para estudar a relação custo-benefício é compartilhada por outros nove estados. Não existe nenhum isolamento da Itália na Europa, e sim a continuidade do hábito decadente da oposição de criar polêmicas contra seu próprio país", argumentou.
Junto à França, a Espanha também defende a adoção do plano em dezembro, tal como foi definido. O país garante que tomou todas as medidas tecnológicas e econômicas reduzir suas emissões e investir em energias renováveis. Já a Alemanha, motor financeiro e industrial do continente, lida com exigências de sua indústria, mas já disse que quer a implementação do pacote.
(ANSA, 19/10/2008)