Durante o Encontro Latino-americano de Comunicação e Sustentabilidade, a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, disse que a reivindicação das terras indígenas de Raposa Serra do Sol por produtores de arroz de Roraima revela uma falta de sentido da economia atual.
Segundo Marina, o desprezo diante da possibilidade de se deslocarem 220 povos, com mais de 200 línguas diferentes, de seu território para se produzir arroz revela uma falta de significação para as ações dos agricultores e outros empresários, preocupados em aumentar cada vez mais seus lucros, à custa da extinção de tradições culturais únicas que representam um diferencial de diversidade do Brasil.
“Será que vale a pena desconstituir uma lógica de associação popular em terras contínuas que faz parte da cultura nativa da região para se fazer uma demarcação daquelas terras em ilhas pelo único objetivo de se plantar arroz?”, perguntou a ex-ministra, acrescentando que é urgente a reversão das prioridades e dos valores defendidos pela sociedade atual para que se construa um desenvolvimento econômico sustentável.
A senadora destacou, ainda, que para a solução de problemas ambientais e conflitos agrários em todo o mundo são fundamentais três fatores: visão do que se pretende fazer, definição de um processo a ser seguido, com flexibilidade e participação de diferentes esferas do governo e da sociedade, e estrutura de Estado que combata a ilegalidade.
“É preciso que o Estado atue na garantia de uma estrutura mínima para o combate aos crimes ambientais, de modo que essa seja seguida por todos os partidos políticos e diferentes governos, independentemente de sua ideologia”, afirmou.
A ex-ministra também criticou a atual postura das grandes potências de só chamar o Estado a atuar diante de crises econômicas, como no caso do atual colapso financeiro, em que se busca dividir os prejuízos com a sociedade, sem a criação de alternativas para um desenvolvimento econômico sustentável e igualitário.
(Amazonia.org.br, 16/10/2008)