A União Européia (UE) reafirmou nesta quinta-feira, em Bruxelas, seu objetivo de aprovar ainda em 2008 um ambicioso plano europeu de luta contra as mudanças climáticas, apesar da resistência da Itália, Polônia e outros países que o consideram muito caro para suas economias.
"Conseguimos alcançar a unanimidade. Posso confirmar que os objetivos não mudaram, que o calendário continua sendo o mesmo", afirmou o chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy, presidente em exercício da UE em coletiva de imprensa ao final da reunião de cúpula de dois dias na capital belga.
"Não vamos afrouxar na luta contra as mudanças climáticas. Não é questão de escolher entre combater a crise financeira ou a mudança climática", afirmou, por sua vez o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durao Barroso.
Em suas conclusões, os chefes de Estado e de Governo da UE confirmaram "sua determinação de manter os ambiciosos compromissos assumidos em matéria de política climática e energética" e de chegar a um acordo sobre a questão em dezembro. Os grandes objetivos do plano, tal como foram decididos por todos os membros do bloco em março de 2007, são a redução de 20% das emissões de gases de efeito estufa antes de 2020 e que as energias renováveis constituam 20% do consumo total europeu.
Ao definir o caminho para alcançar essas metas, a Comissão Européia propôs colocar em leilão cada permissão de poluição válida para uma tonelada de dióxido de carbono emitido pela indústria pesada. A medida começaria a ser aplicada em 2013 - agora essas permissões são gratuitas - e o dinheiro arrecadado serviria para financiar a transição para energias não poluentes.
No entanto, a Polônia, cuja produção de eletricidade depende 90% da exploração, muito poluente, do carvão, considera que o plano é muito caro para sua economia e quer dispensar particulares. O chefe de Governo italiano, Silvio Berlusconi, considerou, por sua parte, que a idéia dos leilões é "ridícula" e equivaleria a "criar um mercado financeiro de títulos tóxicos".
Berlusconi prometeu exercer seu direito de veto contra este plano em seus termos atuais. Outros seis países - Hungria, Letônia, Lituânia, Eslováquia, Bulgária e Romênia - se uniram a Varsóvia para reclamar, em um declaração, que a UE se "abstenha de adotar medidas que não respeitem a diferença do potencial econômico entre os Estados membros".
A Alemanha também não está satisfeita porque sua indústria rejeita o princípio de pagar para poluir, um dos pilares da luta contra a mudança climática da Comissão Européia. Os países europeus se preparam para dois meses e meio de duríssimas negociações, que, que terão início na próxima segunda-feira com uma reunião de ministros do Meio Ambiente em Luxemburgo. A idéia da UE é chegar com um plano às negociações mundiais de dezembro de 2009 em Copenhague.
(AFP, 16/10/2008)