Amarrado ao pára-choque de Fusca cachorro foi salvo por pedestres
Acomodado no pára-choque de seu Fusca, Alceu Pozzatti, 78 anos, parecia indiferente aos impropérios que ouvia de quem passava e dava de cara com a cena no bairro Nonoai, em Santa Maria: um rastro de sangue e um cachorro, provavelmente de rua, ferido. O idoso amarrou o animal no carro e o arrastou pela via, pouco antes do meio-dia de ontem.
A atitude de Pozzatti só não matou o bicho porque o representante comercial Júlio Cesar Vareiro, 51 anos, passava pela Rua Rigoberto Duarte e presenciou o fato.
– Pedi que ele parasse. Um outro rapaz chegou ali também. Nós tremíamos com a cena. O senhor disse que o cachorro havia brigado com o cão dele, e que o bicho teria tentado mordê-lo. Mas, então, como ele conseguiu amarrá-lo no carro? – indignava-se Vareiro, que chamou a Brigada Militar.
O idoso, demonstrando dificuldade para escutar, disse que queria largar o cachorro em algum lugar. Moradores e pedestres que passavam pelo local se mostravam revoltadas com situação.
– Fiquei tão indignada que tive de sair dali. Até quando vamos assistir a esses atos de selvageria? – indagava a professora Eliana Hoffmeister.
Depois de tentarem, sem sucesso, atendimento imediato para o cachorro – o Hospital Veterinário da UFSM informou que só receberia o bicho às 13h30min –, as pessoas que socorreram o animal contaram com a ajuda da veterinária Marlene Nascimento. O cachorro, com cerca de dois anos, recebeu antiinflamatórios e ficará internado até se recuperar.
Brigada Militar diz que idoso não será detido
Os policiais entregaram a Pozzatti um termo circunstanciado. Pelo documento, o idoso se compromete a comparecer ao Juizado Especial Criminal e explicar sua atitude.
O comandante da 1º Companhia Ambiental da BM de Santa Maria, capitão Paulo Antonio Flores de Oliveira, explicou que o idoso não deve ser preso porque os crimes como esse prevêem penas de menos de dois anos de detenção, o que geralmente é convertido em multas ou prestação de serviços à comunidade. O cachorro, tão logo fique bom, será colocado para adoção.
(Por Bruna Porciúncula, Zero Hora, 17/10/2008)