Um aumento na temperatura média de apenas dois graus Celsius poderá ter um efeito devastador sobre as populações de cangurus na Austrália, aponta um novo estudo da James Cook University. “Nosso estudo oferece evidências de que as mudanças climáticas têm a capacidade de causar impactos de grande escala, bem como a possível extinção de um macropodid (espécie de canguru) no norte da Austrália”.
Os autores Euan G. Ritchie e Elizabeth E. Bolitho, após longo período de observações de campo para prever como as alterações de temperatura afetariam quatro espécies de cangurus, descobriram que um aumento de temperatura de apenas 0,5° Celsius já seria suficiente para retrair o pasto, a área geográfica de movimentação e alimentação dos cangurus. Um aumento de dois graus, por outro lado, pode atrofiar a área em 48%. Um aumento de seis graus pode encolher as áreas em 96%.
Para o fim do século, segundo Ritchie, é esperado que a temperatura no norte da Austrália suba entre 2 e 6°C. As previsões serão mantidas mesmo que sejam tomadas fortes medidas de combate às emissões de gases estufa.
No entando, os maiores impactos com o aumento da temperatura não ocorrerá nos cangurus propriamente ditos, mas em seus habitats, mais especificamente na disponibilidade de água.
“Se estações secas tornarem-se mais quentes e as precipitações mais imprevisíveis, os habitats se esgotam pela redução da pastagem disponível e pelos poços secos até maio”, diz Ritchie, acrescentando que isso poderá resultar em fome e problemas reprodutivos, além da morte devido à desidratação das espécies que são menos móveis.
Dentre as espécies estudadas, o antilopine wallaroo é o mais ameaçado. Adaptado a regiões úmidas, de clima tropical, ele poderia perder quase 90% de seu habitat com um aumento de 2 graus na temperatura, e extinto com uma ascensão de 6 graus.
O estudo “Australia’s Savanna Herbivores: Bioclimatic Distributions and an Assessment of the Potential Impact of Regional Climate Change,” será publicado na edição de dezembro da revista Physiological and Biochemical Zoology.
(Por Tatiana Feldens, AmbienteJá, com informações da James Cook University, 17/10/2008)