É preciso investir 1 bilhão de reais na Amazônia por ano para que se chegue ao desmatamento zero, de acordo com a apresentação do pesquisador do Greenpeace Sérgio Leitão. O ativista falou no seminário Conexões Sustentáveis: São Paulo - Amazônia ontem (15), em São Paulo, sobre o Pacto Desmatamento Zero.
"Convidamos uma consultoria, na época dirigida por Luciano Coutinho, hoje presidente do BNDES, que estipulou o valor de 1 bilhão de reais como investimento mínimo para atingir o desmatamento zero", explica.
Leitão explica que o Pacto Desmatamento Zero foi criado por uma coalizão de oito entidades, como o Greenepace e a Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, e tem como ponto de partida a idéia de que já existem, na Amazônia, terras o suficiente para a atividade econômica.
Sérgio Leitão questiona o estudo recente publicado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que diz que o Brasil só tem 7% de terras agriculturáveis. Segundo ele, os dados são no mínimo suspeitos, pois foram elaborados com terras sobrepostas e desconsiderando as terras já desmatadas. Ele acredita que um número mais realista seria de 30% de terras para a agricultura no país.
O ambientalista expôs ainda três setores em que esse valor deve ser investido para atingir os objetivos: em pequenos e grandes produtores que atuam com sustentabilidade, no apoio aos governos federal e estaduais da Amazônia para a fiscalização e na criação de instrumentos econômicos que possam mudar as razões pela qual se desmatam a floresta.
Leitão ressalta a importância de parte desse recurso vir do Tesouro Nacional. "Parece que somos ricos para destruir e pobres para restaurar. Temos que ver o montante real de recursos que a gente destina ou pode destinar para conservar". Além disso, o pesquisador explica a importância de recursos internacionais, como o Fundo Amazônia, que deve receber a doação de vários países, além da Noruega, que já doou US$ 1 bilhão em parcelas até 2015.
Entre os desafios para conseguir o desmatamento zero, Leitão ressalta a questão fundiária, pois dois terços da Reforma Agrária continua ocorrendo na Amazônia. "A Amazônia se tornou uma espécie de quarto de despejo do conflito fundiário do Brasil".
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Amazonia.org.br, 16/10/2008)