Pesquisa que mostra a importância do Pólo para a floresta Amazônia foi apresentada no seminário Conexões Sustentáveis, e gerou debate e críticas sobre o papel do parque industrial de Manaus no meio ambienteO desmatamento no estado do Amazonas seria de 70 a 80% maior se não existisse o Pólo Industrial de Manaus (PIM), de acordo com estudo apresentado pelos pesquisadores José Alberto Machado e Alexandre Rivas no seminário Conexões Sustentáveis: São Paulo - Amazônia hoje (15), na capital paulista.
Os pesquisadores produziram o estudo "Impacto virtuoso do Pólo Industrial de Manaus sobre a proteção da floresta Amazônia: discurso ou fato?", e por meio de análises estatísticas e econométricas chegaram a conclusão de que o PIM tem todos os requisitos para se tornar um pólo econômico e ecológico, por atenuar o desmatamento no estado do Amazonas, já que as atividade do pólo são mais lucrativas que o desmate, tornando pouco interessante a exploração da floresta e o desmatamento. "Se há redução do desmatamento, há benefícios para a região e também para o pais e mundo", diz Rivas.
Machado também analisou o impacto econômico que o pólo tem para o país. Segundo ele, existe no PIM mais de 600 indústrias, que cria cerca de 500 mil empregos diretos e indiretos e já movimentou, só em 2008, US$ 30 bilhões. "Mas tudo isso fez com que o estado do Amazonas saísse de 1,5% na participação do PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro para apenas 1,6% hoje. A distribuição dessa riqueza é absolutamente desigual", argumenta.
Machado faz o cálculo, em um exercício linear com base no PIB de Manaus e de outras regiões do país, e conclui que Manaus só teria uma condição de vida similar à cidade de São Paulo no ano de 2240.
Com base nos dados econômicos e ambientais, os pesquisadores propõem uma série de medidas para o pólo, como uma rotulagem ambiental para produtos oriundos do PIM. Também argumentam que uma possível extinção do pólo traria queda no PIB regional e uma grande pressão por recursos naturais, gerando desmatamento.
CríticasAo término da apresentação, a pesquisa recebeu questionamentos e críticas. Sérgio Leitão, do Greenpeace, questionou a necessidade que o pólo tem por obras de infraestrutura, como a rodovia BR-319. "É possível imaginar, por exemplo, que se os recursos do pólo poderiam ter uma condicionante, como pensar alternativas à rodovia", disse. Para os ambientalistas, a BR-319 vai trazer grande desmatamento para a região, e atualmente está paralisada.
O ativista do Greenpeace também questionou a suposta sustentabilidade do estado do Amazonas, lembrando que o atual ministro dos transportes e futuro candidato ao governo do estado Alfredo Pereira do Nascimento pretende usar a rodovia como palanque político, e o candidato a prefeito Amazonino Mendes ficou conhecido por, em campanhas passadas, distribuir motosserras.
Entre as críticas e questionamentos levantados pelo público, estão os resíduos do lixo das fábricas e a ausência de atividade industriais no pólo que usam recursos da floresta.
(
Amazonia.org.br, 16/10/2008)