Difícil encontrar um setor tão limpo, com baixa emissão de dióxido de carbono, quanto o de papel e celulose. A afirmação é de Daniela Stump, advogada do Pinheiro Pedro Advogados, que apresentou seu estudo - "A inserção do setor de papel e celulose nos esforços globais para a estabilização do clima" - no 41º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel da ABTCP (Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel).
A advogada, especializada em direito ambiental, destaca que o segmento de papel e celulose apresenta peculiaridades importantes, como a não interferência na produção de alimentos e pecuária e o avanço das plantações de árvores sobre terras degradadas. Além disso, "o setor é responsável por grande parte de seqüestro de carbono, devido ao rápido crescimento das árvores, e pela manutenção de florestas nativas", explica Daniela, que também ressalta que a produção do setor concentra-se nas regiões sudeste e sul, não causando degradação da floresta Amazônica.
Daniela afirma ainda que o aquecimento global pode prejudicar a silvicultura, o que deixaria o setor de papel e celulose vulnerável, uma vez que este depende do cultivo de árvores.
Segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), cerca de 1,7 milhão de hectares de florestas absorvem, em média, 63 milhões de toneladas de CO2 ao ano, enquanto as 220 fábricas para produção de celulose e papel emitem apenas 21 milhões de CO2 ao ano.
A pesquisa aponta ainda que grandes empresas do setor, como a Votorantim Celulose e Papel, a Aracruz Celulose, a Klabin, a Suzano, a Celulose Irani, entre outras, já possuem um inventário de CO2. Entretanto, "é necessário a elaboração de uma metodologia de cálculo e de divulgação das emissões de gases de efeito estufa para harmonização dos inventários das companhias do setor, proporcionando base de comparabilidade de seus índices", afirmou Daniela. Isso porque as empresas podem considerar importantes diferentes tipos de atividades para a contabilização das emissões dos gases causadores do efeito estufa, tornando impossível a efetividade de uma comparação.
Atualmente, o Brasil é o sexto maior produtor mundial de celulose e o 11º produtor mundial de papel, com investimentos de US$ 14,4 bilhões previstos até 2012, em expansão e desenvolvimento dos processos das plantas industriais.
(
Celulose Online, 16/10/2008)