Ao menos dois indígenas morreram e mais de 80 ficaram feridos em violentos confrontos entre nativos e policiais na Colômbia, informou a Organização Nacional Indígena da Colômbia (Onic).
Os integrantes do órgão protestam para denunciar que os povos nativos são vítimas de um genocídio e reivindicar suas terras ancestrais, tomadas por grupos armados que operam na Colômbia.
A agência de notícias France Presse, citando a Onic, afirma que uma criança também morreu nos confrontos, por asfixia devido aos gases lacrimogêneos lançados pelas forças de segurança.
As manifestações começaram nesta terça-feira, quando cerca de 7.000 indígenas de várias etnias usaram pedras e troncos para bloquear a estrada Pan-americana, principal rodovia que liga norte e sul do país. O protesto acontece simultaneamente em quatro locais entre Cali e Popayan, a 135 quilômetros ao sul.
Segundo o presidente da Onic, Luis Evelis Andrade, afirmou que os confrontos foram mais violentos em Cauca, onde os dois indígenas morreram durante ação da polícia para liberar a estrada Pan-americana. O primeiro morreu na terça-feira (14) após ser baleado, e o segundo nesta madrugada a golpes de facão, disse Andrade.
Também em Risaralda (centro-oeste) houve confrontos e há pelo menos 22 indígenas gravemente feridos devido a uma incursão policial esta madrugada, confirmou Jorge Arce, membro do comitê regional deste departamento. Segundo a Onic, outros 60 indígenas ficaram feridos em Cauca.
O general Orlando Paez, diretor de Segurança Cidadã da Polícia, informou que cinco agentes ficaram feridos, incluindo um que perdeu as mãos na explosão de um artefato lançado pelos indígenas. Ele acusou os manifestantes de abrir fundações na estrada e de danificar veículos de carga estacionados na via Pan-americana, que foi bloqueada pelos manifestantes.
Protesto
Em coletiva de imprensa, o líder indígena, Berito Cobaría, da etnia Uwa, afirmou que não vão interromper o bloqueio da estrada até que o presidente Álvaro Uribe aceite conversar com os manifestantes.
Os indígenas exigem que o governo cumpra com a promessa de devolver suas terras e que implemente a autonomia das comunidades indígenas.
"Todos vamos nos suicidar se o governo não nos atender", disse Cobaría.
A vice-ministra do Interior, Maria Isabel Nieto, disse aos jornalistas que a polícia iniciou as ações contra o bloqueio porque "não vai permitir que se tomem medidas de força".
Nieto afirmou que as demandas dos indígenas são infundadas, "porque o governo vem cumprindo seus compromissos". Contudo, admitiu que o governo não comprou todas as terras tomadas para devolução aos nativos.
Segundo a Onic, existem 1,35 milhões de indígenas na Colômbia, de 102 etnias. Destes, 6.000 correspondem a povos que correm risco de extinção.
(Diário do Pará*, 15/10/2008)
*Com informações da Efe