Um dos mais renomados museus de ciências dos Estados Unidos mergulhou na política novamente esta semana com uma nova exposição sobre mudanças climáticas que, segundo seus curadores, procura distinguir fatos de medos. Três anos depois de tratar da questão controversa da evolução, com uma exposição sobre Charles Darwin, o Museu Americano de História Natural, em Nova York, traz a exposição "Mudanças Climáticas: A Ameaça à Vida e Um Novo Futuro Energético."
No ano passado, um painel da ONU sobre mudanças climáticas composto por centenas de cientistas e políticos concluiu com 90 por cento de certeza que as mudanças climáticas são causadas pela atividade humana, especificamente a queima de combustíveis fósseis, que lança dióxido de carbono na atmosfera, provocando o aquecimento climático.
Mas algumas pessoas ainda são céticas quanto à responsabilidade da atividade humana. Uma delas é a candidata republicana à vice-presidência dos EUA, Sarah Palin, que em debate este mês expressou dúvidas quanto à causa do aquecimento global.
O curador Edmond Mathez disse que quando propôs a exposição, alguns anos atrás, estava frustrado pelo fato de a consciência pública não acompanhar o alarme sentido pelos cientistas.
"A imprensa apresentava as mudanças climáticas como questão controversa, o que é bobagem total - ela não é controversa", disse Mathez à Reuters na terça-feira, numa prévia da exposição que será inaugurada no sábado e ficará em Nova York até agosto de 2009.
Ele disse que os cientistas tendem a ser céticos, e portanto chama a atenção que tantos concordem em relação às causas das mudanças climáticas. "Mas sempre haverá um grupo de pessoas que simplesmente não vão acreditar, e minha impressão é que muitas delas na realidade não sabem muito sobre ciência", disse ele.
Mathez disse ainda que as declarações de Palin questionando as causas das mudanças climáticas "beiram a irresponsabilidade."
A presidente do museu, Ellen Futter, disse que o museu tem um histórico de tratar de questões "que estão no ponto de intersecção entre ciência e sociedade." "Embora os cientistas ... ainda não possam prever com precisão exatamente quais impactos acontecerão onde, com que frequência e em que grau, existe hoje um consenso científico avassalador - 90 por cento dos cientistas concordam - que é urgente tratar do problema", disse Futter.
A exposição mostra as causas e os efeitos das mudanças climáticas, além de possíveis maneiras de amenizá-las, como o incentivo ao uso de energia nuclear, solar e do vento.
A exposição inclui displays interativos em que os visitantes podem comprometer-se a fazer mudanças em seu comportamento, como comprar lâmpadas de baixa energia, reciclar o lixo ou ir ao trabalho de bicicleta. Depois de Nova York, a exposição irá à Espanha, Dinamarca, México e Abu Dhabi.
(Por Claudia Parsons, Reuters, Globo, 15/10/2008)