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bicicletas ciclovias transporte alternativo
2008-10-15
Que a paisagem magnífica da orla carioca combina com sol, areia, água de côco e um rápido passeio de bicicleta não é nenhuma novidade. Até um turista estrangeiro sabe. Mas diante do caos urbano, a grande novidade é que tem crescido aceleradamente o número de adeptos do uso do meio de transporte mais ecológico do planeta não apenas como um instrumento de lazer, mas, principalmente como alternativa saudável e não poluente de locomoção.

“O carioca tem usado cada vez mais as bicicletas como meio de transporte. Pela nossa última estatística, que não é recente, são cerca de 300 mil viagens dia, fora o lazer”, explica Sérgio Bello Franco, diretor adjunto de Urbanismo do Instituto Pereira Passos (IPP), vinculado à Prefeitura do Rio, responsável pelo planejamento e que tem trabalhado de perto nas ações ligadas às bicicletas.

As novidades não param de surgir. Bicicletários em vários pontos da cidade – em parceria com o setor privado; bicicletas públicas, que podem ser alugadas pelo celular ou computador - seguindo uma febre que assolou as capitais européias - e até mesmo o ecotáxi. Isso, um táxi que funciona sob duas rodas, pedaladas por um motorista. O lançamento foi em Volta Redonda (Sul Fluminense), com a presença do ministro das Cidades, Márcio Fortes e do secretário de Transportes do Estado do Rio, Júlio Lopes.

O ministro, aliás, tornou-se um verdadeiro garoto-propaganda das bicicletas. Em abril deste ano, quando o secretário Júlio Lopes esteve em Brasília para o lançamento do programa “Rio – Estado das Bicicletas”, Márcio Fortes não se fez de rogado e lembrou-se dos bons tempos da juventude carioca para circular de bicicleta em plena Esplanada dos Ministérios, divulgando suas vantagens.

Maior frota - De acordo com dados do Ministério das Cidades, a maior frota de veículos do Brasil é de bicicletas: 60 milhões. Apesar de lembramos logo da China e Holanda quando pensamos em um “mar” de bicicletas, o mercado brasileiro já é hoje o quinto maior consumidor de bicicletas do mundo. E o Rio é a cidade que tem a maior malha de ciclovias do país, apesar de hoje ser mais voltada para o lazer: são 150 kms, embora boa parte precise ser urgentemente reformulada e recuperada.

O grande desafio, explica o ministro Márcio Fortes, é transformar a bicicleta em um meio de transporte para curtas distâncias. Bons motivos não faltam a favor: é um transporte seguro, pode-se integrar o trajeto com meios de transportes públicos e o que é melhor, não polui o meio ambiente e tem, de quebra, um caráter quase lúdico e desestressante. “Quem anda de bicicleta pode apreciar a paisagem e ir respirando ar puro. Bem diferente do stress de um carro ou ônibus”, conta José Lobo, fundador da ONG carioca Transporte Ativo, voltada para as bicicletas.

Programador visual, Lobo sempre gostou de andar sobre duas rodas. Quis o destino casou-se com uma aficcionada também no assunto, uma campeã de patinação que também adora pedalar. Largou o emprego e fundou a Transporte Ativo com outros tantos amantes deste meio de transporte. Precisa ir ao Centro do Rio? Vai de bicicleta, levando cerca de 20 a 25 minutos pedalando de Copacabana até o destino final. E o calor? Como driblar o suor da pedalada? Com a experiência de quem entende deste traçado, o fundador da Transporte Ativo dá uma ótima dica: sair com calma e pedalar em ritmo cadenciado, mas não acelerado. Quem gosta de tomar um banho tem uma boa notícia: várias empresas já têm (e outras estão adaptando) banheiros com chuveiros e vestiário para os ciclistas.

Educação - Há um problema também de falta de educação dos motoristas e até dos ciclistas. A jornalista Simone Goldberg, moradora de Botafogo e adepta da bicicleta (leia o depoimento a seguir), ama este meio de transporte, no entanto lamenta que seja preciso driblar carros, corredores e até quem passeia com cachorros. José Lobo, da ONG Tranporte Ativo, também sabe bem disso. Mas reforça que muitos ciclistas também precisam se fazer respeitar. “Já vi vários avançarem sinal, andarem em alta velocidade ou irem em cima dos pedestres. Isso não pode. Por outro lado sofremos com os ônibus e motoristas de táxi.” Sérgio Bello Franco, do IPP, admite que há sim este conflito. Mas espera que com mais e mais bicicletas na rua, campanhas educativas e respeito mútuo, a convivência pacífica seja o único caminho possível.

O professor Marcus Quintella, especialista em Transportes, avalia que o transporte por bicicletas, nas grandes cidades, está intimamente ligado ao planejamento sistêmico de todos os demais modos de transporte público. Ele defende a construção de redes de ciclovias segregadas, sinalizadas, protegidas e integradas com as estações de trens urbanos, metrôs e ônibus,devidamente equipadas com bicicletários seguros, pagos ou não. Exatamente como o exemplo que o Rio está procurando dar. “Além disso, a questão da segurança pública também é fundamental para dar credibilidade e tranqüilidade aos potenciais usuários desse saudável e ecológico modo de transporte”, complementa Quintella.

Há algum tempo, Lobo foi e tentou estacionar a sua “companheira” de duas rodas em um estacionamento privado subterrâneo. Não encontrou bicicletário. Reclamou para as autoridades e o ativismo conseguiu que agora seja regra: todos os estacionamentos subterrâneos concessionários da Prefeitura do Rio precisam ter bicicletários. Para os trajetos mais longos, ele combina bicicleta com metrô. Uma solução cada vez mais adotada pelos cariocas.

Como parte do amplo projeto carioca, estão sendo instalados bicicletários em várias estações do Metrô e também ao longo da orla e de outros bairros. Serão 4.200 vagas em cinco anos, com o patrocínio da Sul América Seguros e Previdência, que gastou R$ 3 milhões na instalação e outros R$ 10 milhões em campanha publicitária e ações para incentivar o uso deste transporte. E qual a vantagem direta para uma seguradora que vende produtos para automóveis apoiar este movimento? “Começamos com um programa de rádio em São Paulo só para indicar melhores alternativas de trânsito e depois começamos a pensar ações para o Rio. Nada mais carioca do que a bicicleta”, conta à Plurale o vice-presidente de automóveis da Sul América, Carlos Alberto Trindade.

O executivo acredita que a ação contribui para um mundo mais sustentável e a seguradora pode vir, quem sabe, a ser lembrada neste sentido na hora que alguém for escolher um seguro de automóvel. A MPM Propaganda ajudou a formatar todo o projeto. A ação já “deu frutos”.

Dobradinha ecológica - O Metrô Rio – parceiro da seguradora no bicicletário na estação de Copacabana - pretende instalar outros bicicletários diretamente. “Nossos clientes usam muito as bicicletas para completar a viagem de casa até a estação e no trajeto de volta. Nossos bicicletários têm segurança”, diz Regina Amélia Oliveira, diretora de marketing do Metrô Rio. Ela revela a esta reportagem especial as três estações piloto com novos bicicletários: Cantagalo (Zona Sul), Inhaúma e Pavuna (na linha 2). Outros poderão vir depois, ajudando alguns dos 550 mil passageiros por média que são transportados a cada dia útil pela empresa. “O metrô é um transporte superecológico e as bicicletas também. Estamos fazendo uma dobradinha ecologicamente correta”, completa Regina. No dia 22 de setembro, dia mundial sem carro, o Rio e outras grandes cidades, como São Paulo, terão vários eventos para marcar a importância ecológica das bicicletas. Algumas capitais vão comemorar no fim de semana anterior, dias 20 e 21 de setembro, já que 22 é uma segunda-feira.

E a “febre” das bicicletas como meio de transporte parece estar apenas no início da curva ascendente. Até o fim do ano chegam as bicicletas públicas, nos mesmos moldes das que já invadiram outras capitais, como Paris, Amsterdã, Bruxelas e Oslo. A Prefeitura do Rio abriu licitação e uma empresa de Recife, a Serttel, venceu: até novembro precisará instalar oito estações só em Copacabana. Em média, cada ponto terá de 10 a 20 bicicletas que poderão ser alugadas pelo telefone celular ou pelo computador. Em troca, a empresa poderá (dentro de limites estipulados pelo contrato) vender espaços publicitários.

As bicicletas se transformaram também em business: no lugar dos motoboys, há empresas especializadas em transportar documentos e material através de mensageiros que “pilotam” bicicletas. E há até mesmo o turismo voltado para bicicletas – passeios específicos sobre duas rodas.

Há um lado ecológico em todo este movimento, já que ninguém suporta mais tantos carros apenas com um motorista, poluindo e tornando ainda mais engarrafado o já caótico trânsito das grandes cidades. As vendas de carros não param de aumentar e os números são preocupantes. Apenas no primeiro semestre deste ano, a indústria automobilística vendeu em todo o país 1,4 milhão de veículos.

Neste ritmo, é como dobrar as vendas em cinco anos. E poucos percebem, mas as vendas recordes também de motos estão ajudando a piorar – e muito – a qualidade de ar e de vida de brasileiros. Até junho, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as vendas de motos atingiram recorde até junho de comercialização de 175 milhões de unidades. O drama é que as motos poluem mais do que os carros: segundo informações da Cetesb (Agência Ambiental paulista), os novos modelos de motos poluem por volta de seis vezes mais que os carros de passeio novos. Com crédito farto e melhoria de renda, mais e mais brasileiros sonham em ter a falsa comodidade de poder ir e vir em seu próprio veículo, esquecendo-se dos inconvenientes para o já poluído ar e para o trânsito que não suporta mais tantos carros e motos.

Social - E existe também um lado socioeconômico o maior uso da bicicleta. Segundo o secretário de Transportes do Rio, Júlio Lopes, muitas pessoas de baixa renda estão excluídas do sistema de transportes públicos.  De acordo com o PDTU (Plano Diretor de Transportes Urbanos), 34% da população da Região Metropolitana do Rio não utiliza o sistema de transporte urbano, por falta de condições financeiras. “A idéia é que o cidadão percorra o primeiro trecho, de casa até os terminais de ônibus, trem, metrô e barcas, pedalando de três a quatro quilômetros, economizando tempo e dinheiro, praticando uma atividade saudável e contribuindo para melhorar a qualidade do ar. Ele poderá também usar a bicicleta pública, alugando e entregando em outro ponto da cidade, devolvendo em outro bicicletário, e seguir seu destino.”

(Por Sônia Araripe, da revista Plurale, Envolverde/Plurale, 15/10/2008)

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