Doze ONGs e entidades têm manifestação marcada para amanhã (15/10), às 9h, em frente à sede do Ibama, em Porto Alegre - Rua Miguel Teixeira, 126, Cidade Baixa.
Os manifestantes vão protestar contra o projeto da hidrelétrica de Pai Querê, no rio Pelotas, que aguarda o licenciamento ambiental do órgão em Brasília e que estaria para ser aprovado a qualquer momento.
Por isso, representantes das ONGs também estarão em Brasília, para tentar entregar o manifesto do III Encontro sobre os Impactos das Hidrelétricas no Rio Grande do Sul ao ministro Carlos Minc.
Até hoje à tarde, a audiência com o ministro ainda não havia sido confirmada, mas o professor e biólogo Paulo Brack, da Ufrgs e Ingá, garante que eles vão levar e entregar no MMA o manifesto assim mesmo.
Junto, vai um abaixo-assinado com assinaturas contra o projeto recolhidas por dezenas de entidades, acrescentou.
A idéia era fazer uma vigília o dia todo no Ibama, mas para não dividir forças na hora da votação do projeto Pontal do Estaleiro, na Câmara Muincipal à tarde, os coordenadores do movimentno decidiram realizar o protesto só pela manhã.
Segundo Paulo Brack, as ONGs e entidades pretendem iniciar uma campanha para que o tema da hidrelétrica ganhe repercussão e passe a ser discutido publicamente, com o conhecimento da população sobre todas as suas implicações.
“Vamos começar uma campanha para chamar a atenção da população, esse tema infelizmente está passando batido, por isso daqui para diante teremos que fazer outras ações de repercussão, ainda nãos sabemos quais”, disse.
Como está projetada, a hidrelétrica com sua barragem atingiria 3.940 hectares da Floresta com Araucárias, no trecho mais contínuo de floresta de toda a região, integrante da Mata Atlântica, provocando o desaparecimento de 181 mil araucárias, informa Brack.
Ele destaca também que há mais de 20 espécies endêmicas de peixes restritos a cursos de água com correnteza, que já estão com seu habitat comprometido pelas outras barragens implantadas em seqüência na região: Barra Grande, Itá, Machadinho e Foz de Chapecó.
Somente nos últimos dez anos, 15 novas espécies de peixes foram descobertas no rio Pelotas e há outras que não foram descritas ainda, diz o biólogo.
“É interessante que o próprio EIA-Rima assinala a existência de 46 espécies de peixes e não esconde que a área é rica em espécies restritas à região”.
Além disso, o Ministério do Meio Ambiente, em mapas divulgados ano passado, classifica o local como de “extrema prioridade para a conservação ambiental”, finaliza Brack.
Organizam o protesto Agapan, Apedema, Instituto Biofilia, Casa Tierra, CEA, DCE/Ufrgs, Igré, Ingá, Mogdema, MST, NAT-Brasil, Semapi/Sindicato.
(Por Ulisses A. Nenê, EcoAgência, 14/10/2008)