Uma das principais populações de chimpanzés do Oeste de África perdeu cerca de 90 por cento de indivíduos nos últimos 18 anos. Em 2007, uma equipa de investigadores percorreu a Costa do Marfim para fazer um estudo populacional da subespécie Pan troglodytes verus, o chimpanzé comum. O estudo anterior era de 1989/1990. Na altura estimou-se existirem entre 8000 e 12.000 chimpanzés distribuídos por onze áreas, totalizando cerca de metade da população da subespécie em todo o mundo.
Agora, os investigadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva (Alemanha), voltaram aos mesmos locais. “Tive que procurar muito até encontrar uma árvore selvagem”, disse Geneviève Campbell do Max Planck, referindo-se ao Parque Nacional de Marahoué.
No último estudo, este parque era o que tinha mais ninhos de primatas contabilizados. Na altura existiam cerca de 900 chimpanzés, agora a população não chega aos 50 indivíduos, mostra o artigo publicado hoje na revista científica Current Biology.
“Foi triste só encontrar um ninho de chimpanzé em todo o parque. Na última avaliação tinham-se encontrado 234 ninhos ao longo dos mesmos transectos. O único que encontrei foi numa área que também tinha acabado de ser limpa para a agricultura”, acrescentou Campbell.
Na década de 60, existiam de 100.000 chimpanzés na Costa do Marfim. A descida contínua do seu número está associada ao crescimento da população humana. De 1990 até agora a população aumentou de 12 para 18 milhões de habitantes, levando ao aumento da desflorestação e da caça furtiva.
Dos onze locais investigados, só em três é que se detectou um número de ninhos semelhante ao estudo de 89/90, dois dos quais já tinham na altura pouquíssimo ninhos.
O terceiro, o Parque Nacional de Taï, é actualmente o local onde se encontra a maior população de chimpanzés, com 480 indivíduos. O parque tem sido alvo de uma grande campanha de conservação. “Temos de apelar à comunidade internacional para investir em fundos sustentáveis para conservação nos parques nacionais com importância para os chimpanzés. Os nossos resultados mostram que funciona”, disse Christophe Boesch, um dos investigadores.
(Por Nicolau Ferreira, Ecosfera, 15/10/2008)