O combate à crise climática irá ajudar na superação da crise financeira, ao invés de dificultá-la, disse na terça-feira o comissário europeu do Meio Ambiente, Stravros Dimas. Os 27 países da União Européia adotaram a ambiciosa meta de reduzir em um quinto suas emissões de dióxido de carbono até 2020, em comparação aos níveis de 1990. Pretendem conseguir isso, em parte, obrigando usinas elétricas e indústrias pesadas a pagarem por autorizações para poluir, num esquema de comércio de créditos de emissões.
Críticos dizem que, no atual cenário de crise financeira, será dificílimo que as empresas realizem os enormes investimentos necessários para se adaptar à energia limpa. "Achamos que este pacote (climático) é consistente com a resolução da crise financeira... No momento, as pessoas estão focadas na crise econômica, mas nosso pacote é parte da solução", disse Dimas a jornalistas em Varsóvia.
"Combater a mudança climática significa investimento em eficiência energética, a promoção de recursos renováveis e o fornecimento de incentivos para estimular a economia e contribuir com o crescimento." A UE também argumenta que a adoção de uma economia de "baixo carbono" criará empregos e reduzirá a exposição do bloco à volatilidade de preços dos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, principais responsáveis pelo aquecimento global.
A Polônia e outros países ex-comunistas da UE temem que as restrições ao dióxido de carbono irão aumentar os preços da energia e conseqüentemente travar o seu crescimento econômico. Dimas disse que eventuais emendas deverão ser aprovadas não pela Comissão Européia (poder executivo do bloco), e sim pelo Conselho Europeu (que reúne os governos nacionais) e pelo Parlamento Europeu.
"O pacote é apenas um instrumento para obter metas (contra a) mudança climática definidas pelos Estados membros. A Comissão pode fazer mudanças que não comprometam os objetivos ambientais."
(Por Gareth Jones, Reuters, 14/10/2008)