Os países ricos deveriam pagar bilhões de dólares por ano pela preservação das florestas tropicais, seja com doações ou pelo comércio de créditos de carbono, segundo relatório encomendado pelo governo britânico e divulgado na terça-feira. Em um prazo mais longo, até 2030, os países em desenvolvimento também deveriam começar a contribuir financeiramente e a adotar metas compulsórias de reflorestamento e combate ao desmatamento.
A derrubada das florestas, para a extração de madeira e ampliação das fronteiras agrícolas, gera cerca de um quinto das emissões globais de gases do efeito estufa. Apesar da urgência em combater o problema, há divisões sobre como agir. O relatório de terça-feira recebeu críticas de alguns corretores de créditos de carbono e de ONGs ambientais, para quem o texto minimizou os custos e evitou citar questões concretas, como a corrupção e as disputas fundiárias.
O estudo, batizado de "Mudança Climática: Financiando as Florestas Globais", dá ênfase aos mecanismos de créditos de carbono, pelo qual os países desenvolvidos pagam pela redução das emissões de carbono nos países pobres, de modo a compensar as suas próprias emissões excessivas. "O desmatamento vai continuar enquanto cortar e queimar árvores for mais viável do ponto de vista econômico do que preservá-las", disse Johan Eliasch, assessor especial do governo britânico sobre o desmatamento e autor do relatório.
O texto estima que o comércio dos créditos de carbono poderia reduzir o desmatamento em até 75 por cento até 2030, e defende a inclusão das florestas no novo acordo climático global, a ser definido pela ONU até o final de 2009, para entrar em vigor depois de 2012.
Mas o relatório admite que, mesmo com os créditos, ainda haveria um déficit de 11 a 19 bilhões de dólares até 2020, e que essa quantia precisaria ser coberta por doadores. De acordo com o estudo, as florestas também estão sendo desmatadas para dar lugar a cultivos para biocombustíveis e para a pecuária, atendendo à demanda carnívora do mundo.
Alguns críticos consideraram tímida demais a estimativa apontada no estudo, de que seriam necessários 33 bilhões de dólares por ano para reduzir o desmatamento à metade até 2030.
O texto defende que os créditos sirvam também para compensar agricultores que, preservando suas matas, deixem de explorar cultivos valiosos, como o óleo de palma, matéria-prima do biodiesel. Isso implicaria custos elevados, o que gera dúvidas em torno da afirmação do relatório de que as compensações florestais iriam reduzir pela metade os custos para que os ricos combatam a mudança climática.
(Por Gerard Wynn, Reuters, 14/10/2008)