Pescadores artesanais, comunidades costeiras, povos indígenas e ONGs de todo o mundo começaram nesta segunda-feira em Bangkok, Tailândia, a defender suas posições diante dos governos e empresários na Quarta Conferência Mundial de Pesca de Pequena Escala organizada pelo Escritório para a Agricultura e para Alimentação das Nações Unidas (FAO). Pelo Chile, participam a presidente da Confederação Nacional de Pescadores Artesanais (Conapach), Zoila Bustamante, e o secretário-geral desse organismo, Comes Caracciolo.
Os dirigentes mantiveram a posição acordada na última reunião de pescadores da América Latina que foi realizada em agosto em San Antonio, onde os pontos centrais foram obter uma proibição da pesca de arrastão, lutar contra as Cotas Individuais Transferíveis que privatizam o mar e exigir dos governos que implementem uma moratória à abertura de novos centros de aqüicultura industrial, entre outros acordos.
As organizações de pesca de pequena escala provenientes de todo o mundo se reuniram desde sábado para obter posições comuns para enfrentar essa conferência. Esses organismos tentam defender o uso sustentável dos recursos e assegurar os direitos de acesso; fortalecer os benefícios pós-colheita; e garantir os direitos econômicos, sociais e humanos. Mas também começaram a desenvolver uma perspectiva de gênero em temas de direitos das mulheres no setor pesqueiro de pequena escala.
As discussões ademais se viram cruzadas pelos direitos dos povos indígenas de todos os continentes. Isso ficou refletido na exigência de que os Direitos Humanos são inseparáveis dos direitos indígenas, econômicos, sociais, culturais e políticos. "Portanto, as políticas pesqueiras devem estar necessariamente em congruência com esses direitos", expressaram muitos dos participantes.
A reunião da FAO será realizada até 17 de outubro e reúne oficialmente os governos que participam das Nações Unidas. Pelo Chile, está anunciada a participação do sub-secretário de Pesca, Jorge Chocair.
Essa conferência internacional acontece no momento em que os Estados costeiros mantêm números alarmantes de sobre-exploração das pescarias, uma pressão constante das grandes empresas nacionais e multinacionais por ocupar zonas costeiras que tradicionalmente são territórios de comunidades locais de recursos naturais para os mercados das potências econômicas e uma orientação maciça dos recursos pesqueiros para elaborar alimento para a indústria de criação intensiva de salmão, porcos e aves.
(Ecoceanos News, Adital, 13/10/2008)