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emissões veiculares
2008-10-14

O engarrafamento do trânsito nas grandes cidades afeta não só a qualidade de vida de sua população, que perde um tempo precioso em seus deslocamentos, mas tem impacto direto sobre a qualidade do ar e, conseqüentemente, sobre a saúde.

Na cidade de São Paulo, emblemática desse problema, o rodízio de veículos implantado em 1997 tem sido insuficiente para resolver tanto os engarrafamentos quanto a poluição atmosférica, que só se torna pior. A raiz do problema está na expansão da frota veicular e no mau uso que, de modo geral, o brasileiro dá ao próprio carro, reforçando a cultura do desperdício que, como outras, as classes média e alta herdaram dos Estados Unidos. 

Para tentar reverter esse quadro, um portal de internet se propõe a ser o elo entre as pessoas dispostas a pegar ou a dar caronas – ou ambos. É o jeito inteligente de retirar carros das ruas, simplesmente fazendo com que eles sirvam a mais pessoas, ao invés de apenas  ao (à) motorista, como é o habitual.

A proposta recebeu o nome de e-Carona e partiu do publicitário José Aparecido de Paulo, num dia em que ele, voltando de uma reunião na região de Pinheiros, demorou duas horas para chegar a seu destino, a avenida Paulista. "Durante o percurso comecei a analisar os carros que, na sua grande maioria, estavam com apenas uma pessoa. Nesse momento, pensei que algo deveria ser feito para melhorar isso”, contou Cido – como é chamado – a AmbienteBrasil.

“Aí me veio uma pergunta: qual a razão para as pessoas não compartilharem seus carros? Será mesmo somente medo de serem assaltadas ou será que elas não sabem que tem mais alguém indo para o mesmo destino que elas?”.

Apostando na segunda alternativa, durante o restante do trajeto ele desenhou mentalmente o projeto. Chegando enfim ao escritório, apresentou-o a um amigo designer, Vitor Rolim, que abraçou-o de imediato.

Hoje, passados quatro meses, o portal já tem aproximadamente 600 cadastrados, entre caronistas (quem dá carona) ou caroneiros (quem pega carona). Pode-se também fazer o cadastro como os dois. A partir disso, o interessado consulta o Mapa ou as Comunidades, para verificar se existem caroneiros ou caronistas que fazem o mesmo percurso que ele. Localizado alguém, é hora de mandar mensagem para este usuário e marcar as caronas.

O e-Carona é divido em dois tipos de comunidades: as públicas, em que qualquer pessoa pode pedir para ser membro e será aprovada pelo moderador, e as privadas, estas específicas para empresas, universidades etc.

Nesse caso, há um moderador que somente aprova a entrada de usuários que realmente fazem parte daquela empresa, universidade etc. Com isso os contatos e caronas ficam restritos a aquele ambiente.

“Esse tipo de atitude - dar ou pegar caronas -  exige uma mudança de cultura e, quanto mais segurança fornecermos aos nossos usuários, mais rápido essas mudanças acontecerão”, disse a AmbienteBrasil Luciana Fernandes, executiva de  Comunicação e Comercial do site.

“Acreditamos que essa mudança pode ser incentivada principalmente dentro das empresas, por isso, estamos cadastrando empresas, Universidades etc, gratuitamente, para oferecer o e-Carona a seus colaboradores”, diz ela.

Já existem três comunidades de funcionários da Toyota, por exemplo, respectivas de três unidades da indústria, em Indaiatuba, Guaíba e São Bernardo do Campo.  A proposta vingou já no estado de São Paulo e tem tudo para crescer. “A idéia é que o e-Carona seja nacional”, resume Luciana.

 Outra coisa incentivada é a simples, porém preciosa, boa educação nas relações interpessoais. “Nada além do que algumas dicas básicas de convivência – diz ela - como se certificar se pode fumar e trocar a estação do rádio, evitar assuntos polêmicos como futebol e religião; enfim, respeitar o ambiente em comum”.

A segurança de caroneiros e caronistas é fundamental para o sucesso da iniciativa, razão pela qual o site dá várias recomendações que podem garanti-la (clique aqui para as ler). Desde a entrada em operação do serviço, não houve qualquer registro de ocorrência ruim nesse sentido.

(Por Mônica Pinto, AmbienteBrasil, 14/10/2008)


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