SÃO PAULO - A proposta da União Européia (UE) de leiloar permissões de emissão de carbono para companhias aéreas até 2020, para limitar as emissões dessas empresas, terá impacto significativo sobre as que realizam operações regionais. Segundo a Associação das Empresas Aéreas Regionais Européias (ERA, na sigla em inglês), os custos das regionais irão aumentar em 6 milhões de euros ao ano com a nova legislação, que deve ser votada nesta semana pelo Parlamento Europeu. Para a associação, o acúmulo de novas regras pode secar os investimentos no setor e transformá-lo em uma "loteria".
Em discurso para a assembléia geral da associação, na semana passada, o diretor-geral da ERA, Mike Ambrose, afirmou que os "problemas do transporte aéreo agora estão amplamente ofuscados pela grande crise econômica". Com base nisso, criticou o Comitê Ambiental da UE (Envi, na sigla em inglês) por votar a proposta de criar mais gastos para uma indústria já "aleijada" pelo forte aumento nos custos e grande retração na confiança dos consumidores.
"O fato é que mais de 1100 emendas à legislação inicial foram propostas sem qualquer forma de avaliação de impacto num momento em que tanta coisa está em risco - a sobrevivência de companhias, de postos de trabalho, de acesso internacional às regiões européias - não apenas é inaceitável, mas absolutamente irresponsável", afirmou o dirigente.
Segundo Ambrose, a falta de consideração dos políticos e reguladores sobre o impacto das medidas propostas para a indústria podem, muito bem, secar os investimentos no setor. "O custo decorrente do descontrole na criação de novas regulações irá mudar o balanço (dos investimentos na indústria) de 'investimento prudente' para 'loteria'", criticou.
"Nosso desafio agora é fazer com que os governos aceitem que a aviação é uma ferramenta essencial para ajudar a reconstruir as economias européias", finalizou.
(Por José Sergio Osse, Valor Online, 13/10/2008)