A Aracruz Celulose terá que manter abertas as comportas utilizadas para reter a água de afluentes do rio Riacho para sua fábrica. O objetivo é minimizar o assoreamento na região, criando condições de pesca. Nesta terça (13), representantes da transnacional, do Portocel e da prefeitura de Aracruz discutirão o problema com os pescadores.
Segundo o presidente da Associação de Pescadores de Barra do Riacho, Vicente Buteri, a reunião será para discutir a construção de um enrocamento.
Os pescadores estão há mais de 20 dias sem trabalhar. Eles afirmam que o assoreamento é resultado da falta de responsabilidade social e ambiental da Aracruz Celulose, que desvia a água do Rio Doce para o rio Riacho, com o objetivo de abastecer suas três fábricas. Com o fechamento das comportas, o rio perde força e suas águas não chegam ao mar, o que causa o assoreando, impedindo a passagem dos barcos.
Na última sexta (10), os pescadores chegaram a interditar a portaria do Portocel. Segundo eles, desde a ampliação do porto, há dez anos, uma solução para o problema é reivindicada, sem providências.
Em reunião nesta terça-feira (14), a expectativa dos pescadores é discutir uma forma de permitir a passagem dos barcos para o mar, um ancoradouro, entre outros pontos. “A Aracruz quer a água, mas nós precisamos. Ela tem outros meios de conseguir, nós não. Precisamos de uma solução”, ressaltou Vicente. Sem trabalhar, cada pescador chega a perder até R$ 200 por dia.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 14/10/2008)