Ao palestrar diante de um público de cerca de 400 empresários ligados ao setor energético do país, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou hoje que o Brasil possui a matriz energética mais limpa e renovável do mundo. "Somos líderes no estímulo a fontes renováveis de energia. 46% da energia produzida aqui é limpa", disse o ministro, durante o 9º Encontro de Negócios de Energia, organizado pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), em São Paulo.
Durante o evento, o ministro respondeu as críticas de ambientalistas. "Há pessoas que dizem que violamos o meio ambiente. Essa informação é falsa. Não há matriz mais limpa que a do Brasil. 85% do estoque da energia brasileira provem das hidrelétricas. Vamos manter a matriz limpa", afirmou ele.
Segundo o ministro, para conseguir fornecer energia o suficiente no futuro, é preciso produzir mais. "As hidrelétricas seriam ideais, mas a cada dia o [Ministério do] Meio Ambiente exige mais. Eles não entendem que o atentado maior é a construção de usinas a óleo diesel", argumenta. Na ocasião, Lobão também lamentou ainda os "impedimentos ambientais" que retardaram a construção das usinas Santo Antonio e Jirau, no rio Madeira (RO).
As hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, devem gerar mais de seis mil megawatts, cerca da metade da potência da usina de Itaipu. Apesar de o governo ter concedido a licença, no entanto, a construção das barragens é contestada por ONGs e movimentos sociais. Eles acreditam que a construção dessas usinas vai causar grandes impactos sociais e ambientais.
Mais de 5 mil ribeirinhos vão perder suas casas e serão realocados para a criação da hidrelétrica. As usinas podem também desencadear problemas sérios para a saúde humana, como a malária (a área das usinas é de alto risco epidêmico) e problemas com o mercúrio, que estão depositados no fundo do rio. Além disso, a construção do complexo pode resultar em mais desmatamento na Amazônia e só o anúncio da construção fez com que aumentasse a migração para a região. A pressão populacional fez o desmatamento disparar: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciou no início do ano que o desmatamento em Rondônia aumentou 400%.
O ministro mencionou também projetos de cooperação com os países sul-americanos. Estão previstas a importação de 3.000 megawatts (MW) da Venezuela e a construção de 15 hidrelétricas no território peruano (toda energia será importada pelo Brasil, para uso ou redistribuição) e de hidrelétricas na Bolívia e na fronteira com a Argentina.
Energia Nuclear
Ao citar a energia nuclear, o ministro disse que a perspectiva é que ela cada vez mais seja fonte da energia produzida no país. "Vamos caminhar para a energia nuclear. É uma energia limpíssima e de toda segurança", explicou.
Segundo a ONG Greenpeace, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) de Angra 3 apresenta lacunas e falhas, que foram apontadas pelo Ministério Público Federal em recomendação encaminhada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após o ciclo de audiências públicas do processo de licenciamento em março de 2008.
Chamou atenção também uma condicionante que dispõe sobre destino final dos rejeitos radioativos de alta atividade. Segundo o Greenpeace "Angra 1 e 2 geram por ano 13.775 metros cúbicos de rejeitos radioativos, e essa montanha de lixo nuclear vem sendo provisoriamente estocada dentro das próprias usinas. Com a construção de Angra 3, a situação deve se agravar".
(Amazonia.org.br, 14/10/2008)